8 de maio I Dia Mundial do Cancro do Ovário

  • Componente genética é responsável por 5-10% dos cancros1
  • A literacia em saúde é, segundo especialistas, a melhor forma de aumentar o diagnóstico precoce

O projeto “saBeR mais ContA”, uma iniciativa com o apoio de dez parceiros, entre sociedades médicas e associações de doentes, lança, por ocasião do Dia Mundial do Cancro do Ovário, que se assinala a 8 de maio, a nova campanha de sensibilização para os cancros de origem hereditária e para a sua relação com as mutações BRCA. A campanha conta com divulgação nas redes sociais dos parceiros e no Facebook do “saBeR mais ContA”.

A nova campanha pretende alertar para a componente hereditária de certos tipos de cancro, como o cancro do ovário, da mama, da próstata e do pâncreas, associados a mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Através da humanização da campanha é estabelecida uma metáfora entre os laços familiares e o risco de aparecimento de determinados tipos de cancro com origem hereditária. O objetivo é o de aumentar a consciencialização para a componente genética, nomeadamente para as mutações BRCA, ajudando a compreender como estas alterações podem impactar as decisões relacionadas com o tratamento e serem cruciais para a prevenção.

Estima-se que entre 5 a 10% de todos os cancros tenham uma componente hereditária1. As mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por um aumento do risco de desenvolvimento de certos tipos de cancro como o do ovário, da mama, da próstata e do pâncreas2, sublinhando a importância da prevenção e da deteção precoce.

As mulheres com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 BRCA2 apresentam um risco aumentado de desenvolvimento de cancro do ovário, risco este que pode chegar aos 40-55% para as portadoras da mutação BRCA1 e 10-20% para as portadoras da mutação BRCA23. A identificação destas mutações através de testes genéticos permite a implementação de estratégias de prevenção personalizadas, como cirurgias redutoras de risco e vigilância intensiva4.

De acordo com os dados do GLOBOCAN, referentes a 2022, em Portugal foram registados 682 novos casos de cancro do ovário5.

O cancro do ovário é conhecido por ser um tumor silencioso6. Face a este cenário, atrasos no diagnóstico e no tratamento têm grande impacto nos outcomes clínicos das doentes, aliado também ao facto de, atualmente, não existirem programas validados de rastreio6. Os sintomas associados a este tumor são muito inespecíficos e, por vezes, não são, numa primeira fase, associados à doença7.

“O projeto “saBeR mais ContA” é muito importante como elemento determinante para a literacia em saúde, associando-se de forma significativa a uma identificação de mais casos com risco genético aumentado para cancro do ovário, crucial para reduzir a elevada taxa de mortalidade associada a este cancro”, refere Henrique Nabais, Presidente da Secção de Ginecologia Oncológica da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG).

Segundo especialistas, entre todos os fatores de risco conhecidos, as mutações genéticas BRCA 1 e BRCA 2 são responsáveis por cerca de 15% dos casos de cancro do ovário3. No entanto, é crucial esclarecer que ser portador de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 não é sinónimo de ter cancro. Existem múltiplos fatores genéticos, ambientais e do próprio indivíduo que influenciam o risco de aparecimento da doença, pelo que muitas portadoras não desenvolvem a doença3.

A identificação de potenciais portadores não é apenas importante para o próprio indivíduo, mas também para as respetivas famílias, uma vez que a transmissão da mutação ocorre de geração em geração na linha germinativa, de forma autossómica dominante, ou seja, com uma probabilidade de 50% de transmitir a mutação à descendência4.

“A deteção vai permitir não só medidas de prevenção/redutoras de risco, mas também um diagnóstico mais precoce com tratamentos muito mais eficazes e personalizados, a identificação de familiares com a mesma mutação e ainda a possibilidade de evitar a transmissão às gerações futuras através do Teste Genético Pré-implantação”, remata o especialista da SPG.

O projeto “saBeR mais ContA” tem o apoio de parceiros como Careca Power, EVITA, Europacolon, Associação MOG – Movimento Oncológico Ginecológico, Associação Portuguesa de Doentes da Próstata, Sociedade Portuguesa de Genética Humana, Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Sociedade Portuguesa de Oncologia, Sociedade Portuguesa de Senologia e AstraZeneca.

Com esta campanha, o projeto “saBeR mais ContA” reforça o seu compromisso para com a população e, sobretudo, com os doentes oncológicos e as suas famílias, no sentido de esclarecer sobre a relação entre as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e alguns tipos de cancro.