A propósito do Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, que se assinala a 20 de julho, a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) juntam-se, no dia 19 de julho, no Estado Maior da Força Aérea, para refletir sobre o tema ‘Celebrar a Vida: Transplante, Desporto e Inovação para um futuro saudável’.
Este ano, a conferência pretende sensibilizar para a importância dos hábitos de vida saudáveis, como a prática do exercício físico, hábitos de alimentação saudável, controlo do stress, do tempo e qualidade do sono, para o sucesso do transplante, recuperação e a qualidade de vida dos transplantados.
Cinquenta e cinco anos após o marco histórico do primeiro transplante renal em Portugal, a conferência será também palco de discussão sobre o papel cada vez mais crucial da Inteligência Artificial (IA) nesta área da saúde. Explorando o seu potencial para o aperfeiçoamento de aplicações tecnológicas da especialidade, e contributo para o progresso da doação e transplantação de órgão, evidenciando o impacto da inovação neste campo. A IA poderá ser uma ferramenta muito útil na prevenção da necessidade de transplante (detetando a lesão do órgão numa fase precoce), na melhoria do processo de avaliação da compatibilidade entre dador e recetor, no aumento dos órgãos disponíveis para transplante, na prevenção da rejeição dos órgãos transplantados e na melhoria dos cuidados pós transplante.
“O objetivo desta iniciativa é sensibilizar a população para a importância da doação de órgãos, como um gesto solidário que pode salvar ou melhorar a vida de milhares de pessoas. A transplantação permite doar vida, tanto em quantidade como em qualidade, permitindo até, em muitos casos, o retorno dos doentes a uma vida socialmente ativa e produtiva. Resulta de um grande avanço da medicina do século XX, e Portugal encontra-se entre os melhores neste campo”, afirma Cristina Jorge, Presidente da SPT.
De acordo os últimos dados da SPT, em 2023, Portugal foi o 3º país numa escala mundial, em colheitas de órgãos de dador falecido por milhão de habitante, e os números da transplantação de órgãos de dador falecido atingiram os valores mais elevados de sempre. Foram transplantados 547 rins, 249 fígados, 87 pulmões, 52 corações e 28 pâncreas, o que corresponde a um crescimento global de 15% de órgãos transplantados em relação ao ano de 2022. No entanto, cerca de 1900 doentes ainda aguardam por um transplante de rim.
Em Portugal, a colheita só é permitida nos dadores em morte cerebral, ou seja quando a morte foi verificada por critérios neurológicos, e nos falecidos por paragem cardiocirculatória não controlada, em que a morte, súbita, foi verificada por ausência de função cardiocirculatória em doentes submetidos a manobras de reanimação sem sucesso. Também o transplante de dador vivo, só é possível em alguns órgãos, sendo o renal o mais comum.
A Presidente da SPT, sublinha ainda que, “estes resultados são ainda mais relevantes porque Portugal não tem uma abordagem tão abrangente em relação à doação de órgãos, comparativamente a outros países. Além de que o contexto destes resultados é no âmbito do Serviço Nacional de Saúde que padece de constrangimentos significativos tanto em termos de recursos humanos, com falta de profissionais e sobrecarga horária, como de carência e falta de atualização de muitas instalações e equipamentos”.
As comemorações do Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação vão contar com a intervenção de profissionais de saúde, dadores e recetores de órgãos, representantes de associações de doentes e elementos da força aérea portuguesa. A convite da SPT e o IPST, também estará presente o Grupo Desportivo dos Transplantados de Portugal, a propósito dos Jogos Europeus dos Transplantados (European Tansplant Sports Championships 2024), que têm lugar em Lisboa entre 21 e 28 de julho.
[1] https://www.mayoclinic.org/medical-professionals/transplant-medicine/news/five-ways-artificial-intelligence-promises-to-transform-organ-transplant/mac-20548221