·       Dia 18 de outubro assinala-se o Dia Nacional de Luta contra a Dor

·       Suporte psicológico e emocional são fundamentais para enfrentar o sofrimento causado pela dor

No dia 18 de outubro, assinala-se o Dia Nacional de Luta contra a Dor, uma oportunidade para aumentar a consciência sobre a dor como uma doença e o seu impacto na qualidade de vida do indivíduo, da sua família e da sociedade. Cada episódio de dor deve ser tratado e valorizado para evitar que se transforme numa condição crónica.

Filipe Antunes, fisiatra e presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), explica: “A dor crónica afeta cerca de um terço dos portugueses, tornando-se uma das principais doenças no nosso país e um problema com um enorme impacto na qualidade de vida de quem sofre. No entanto, é essencial lembrar que é sempre possível agir para combater a dor, seja prevenindo que se instale ou que se perpetue. Cada episódio de dor deve ser tratado de forma eficaz e dentro de um prazo adequado, para evitar que se prolongue e se transforme numa condição crónica.”

A dor é sempre individual, subjetiva e única, o que a torna difícil de descrever e impossível de reproduzir. Assim, o especialista acrescenta: “Cada pessoa sente a dor de maneira distinta, influenciada pelas suas experiências emocionais passadas. O sucesso no combate à dor passa pelo uso de todas as ferramentas disponíveis, desde soluções químicas, como os medicamentos, até abordagens físicas, como a fisioterapia, mas, também, pelo suporte psicológico e emocional. Este é absolutamente fundamental para enfrentar e superar o sofrimento causado pela dor.”

O valor das redes de apoio, como cuidadores, familiares, amigos e profissionais de saúde, é imprescindível. Gestos simples, como um abraço, uma palavra de encorajamento ou até um silêncio acolhedor, podem fazer uma enorme diferença na forma como a dor é vivida.

Raul Marques Pereira, Coordenador do Grupo de Estudo da Dor da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), reforça: “Quanto mais cedo se tratar adequadamente a dor aguda, menos probabilidade teremos de esta evoluir para dor crónica, que assume uma complexidade muito maior e torna o sucesso terapêutico mais desafiador.”

Em relação ao enorme impacto que a dor crónica tem na qualidade de vida dos doentes, o especialista acrescenta: “É fundamental estar alerta para o sofrimento emocional profundo de alguns doentes. Nesse sentido, é absolutamente necessário estabelecer uma estratégia de avaliação e seguimento multidisciplinar para enfrentar este desafio terapêutico criado pelas situações de dor.”

A intervenção precoce é crucial para evitar que episódios de dor se transformem em condições crónicas, pelo que procurar ajuda profissional pode ser decisivo no seu tratamento.