No Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) destaca que o suicídio continua a ser uma das principais causas de morte evitável em Portugal e no mundo. Apesar da sua complexidade, a investigação científica é clara: o suicídio pode ser prevenido. A OPP lança neste dia uma Factsheet e um documento de apoio aos decisores políticos.
No Policy Brief, divulgado esta quarta-feira, a Ordem dos Psicólogos Portugueses lembra que em Portugal ocorrem cerca de 3 suicídios por dia e deixa recomendações estratégicas para a prevenção do suicídio:
- Cumprir o rácio recomendado de 1 Psicólogo por cada 5.000 utentes, no Serviço Nacional de Saúde. Tal permitiria: a implementação de um futuro Plano Nacional de Prevenção do Suicídio; implementar programas universais de prevenção da depressão (um forte preditor do suicídio); capacitar equipas de Saúde para identificar sinais precoces de risco; realizar triagens eficazes e assegurar um encaminhamento célere e adequado para cuidados especializados; garantir a continuidade de cuidados; assegurar o acesso regular dos profissionais a supervisão; assim como oferecer intervenções psicológicas baseadas em evidências junto de pessoas em situação de risco ou de pessoas que perderam alguém por suicídio. Investir em intervenções psicológicas baseadas na evidência é custo-eficaz, uma vez que programas implementados entre os 10 e os 19 anos podem gerar um retorno estimado de 24€ por cada 1€ investido, ao longo de 80 anos.
- Acelerar a construção de políticas públicas de mitigação dos fatores de risco suicidário. Políticas públicas que reduzam vulnerabilidades socioeconómicas e promovam a coesão social têm um impacto significativo na redução do risco suicidário. Entre as intervenções prioritárias encontram-se as medidas de proteção do rendimento, acesso digno à habitação, acesso universal à saúde, políticas ativas de emprego e programas de apoio psicossocial comunitário. Deve também garantir-se uma regulação eficaz do acesso a meios letais, como armas de fogo e locais de elevado risco, com a implementação de intervenções infraestruturais (ex. colocação de barreiras), de mensagens dissuasoras e mecanismos de suporte imediato (ex. contactos de emergência).
- Promover uma comunicação responsável dos Media. Os Media podem desempenhar um papel decisivo na prevenção do suicídio, especialmente quando comunicam de acordo com as boas práticas e orientações baseadas na Ciência Psicológica. O aumento da Literacia em Saúde Psicológica e disseminação de estratégias adaptativas para lidar com dificuldades de Saúde Psicológica, promovem comportamentos protetores. Intervir através dos media, através da implementação de guidelines baseadas em evidências, na cobertura de notícias, permite reduzir o número de mortes: de 139 para 2 a 32 mortes, em cinco anos.
- Reforçar a investigação e os sistemas de informação sobre o suicídio. O avanço na prevenção do suicídio exige um investimento constante na produção de conhecimento científico e na qualificação de sistemas de monitorização.
Na Fact Sheet a OPP destaca que ter pensamentos ou sentimentos suicidas nem sempre resulta numa tentativa de suicídio, mas nunca devem ser ignorados. Os motivos que levam alguém a tentar suicidar-se podem ser muitos e complexos. A maior parte das pessoas que morreu por suicídio sofria com problemas de Saúde Psicológica (por exemplo, Depressão, Perturbação Bipolar). Mas existem ainda outros fatores de risco, tais como a existência, no momento presente, de um plano de suicídio, haver tentativas anteriores ou história de suicídio na família. A maioria das pessoas não quer necessariamente morrer, mas sim escapar à dor e ao sofrimento que estão a sentir. E, perante esse sofrimento, morrer parece-lhes a única saída.
A Fact Sheet da OPP indica ainda quais os sinais de alerta, o que fazer se suspeitamos que alguém tem pensamentos ou sentimentos suicidas e o que fazer se tivermos pensamentos ou sentimentos suicidas.
Pode consultar o Policy Brief e a Fact Sheet completos.
Contactos úteis:
INEM 112 Serviço de Aconselhamento Psicológico do SNS24 808 24 24 24
Linhas de Apoio que garantem o anonimato: SOS Voz Amiga | 15h30 às 00h30 | 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660
Conversa Amiga | 15h às 22h | 808 237 327 / 210 027 159
Telefone da Amizade | 16h às 23h | 228 323 535
Linha Nacional de Prevenção do Suicídio | 24h | 1411
Sobre a Ordem dos Psicólogos Portugueses
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) apresenta-se como a associação pública profissional representativa dos profissionais em psicologia que, em conformidade com os preceitos do seu Estatuto e as disposições legais aplicáveis, exercem a profissão de psicóloga/o. Criada em 2008, a OPP conta com mais de 28 mil membros registados e, além da sua sede em Lisboa, tem delegações regionais nas regiões Centro, Norte e Sul de Portugal continental, além das suas Delegações Regionais dos Açores e da Madeira. A OPP é uma entidade profissional independente de interesses individuais, coletivos e/ou institucionais, apresentando-se como uma estrutura com independência política, financeira e académica. A missão que pauta a atividade da OPP, de acordo com a sua forma jurídica e estatuto, situa-se no campo do exercício e do acesso à profissão de psicólogo, da elaboração das normas éticas e deontológicas, incluindo a dimensão disciplinar. A OPP tem ainda a responsabilidade de promover o papel do Psicólogo na sociedade, de promover e procurar fomentar uma prática de excelência que proteja todos os clientes e destinatários de serviços de Psicologia.