Atlântica – Instituto Universitário lidera projeto em Portugal
11 peregrinos, todos com algum tipo de incapacidade, realizaram parte do Caminho Português. Grupo integrou duas portuguesas
No ano passado, o Caminho de Santiago registou um recorde de peregrinos: perto de meio milhão de pessoas chegaram à Catedral da capital da Galiza. Número que baixa consideravelmente junto de peregrinos que apresentam algum tipo de deficiência. Em 2022, foram apenas 127 as pessoas que conseguiram completar a peregrinação em cadeira de rodas. Reunindo cinco países europeus, o “InCASA – Inclusive Camino de Santiago: An accessible journey for all” já está a transformar esta realidade. A Atlântica – Instituto Universitário lidera o projeto em Portugal e integrou duas portuguesas para testar a aplicação móvel que vai tornar o Caminho mais inclusivo.
App ajuda a mapear barreiras físicas e locais de apoio inclusivos
Portugal, Espanha, Eslovénia, Polónia e Roménia. É este o grupo de países que, desde 2024, tem estado a trabalhar para que o Caminho se torne mais acessível a todos os que o queiram percorrer. “Começámos por ouvir as pessoas e os peregrinos que já tinham tentado fazer este percurso. Queríamos perceber quais eram as principais dificuldades, que desafios encontraram e como seria possível ajudá-las a cumprir este sonho, vencendo assim a barreira da incapacidade”, avança Susana Rodrigues, coordenadora do projeto em Portugal, através da Atlântica – Instituto Universitário.
Depois da fase de mapeamento, o InCASA dedicou-se ao desenvolvimento de uma aplicação móvel, que foi agora testada. “Trata-se de uma aplicação aberta a todos os utilizadores, com o intuito de fornecer informações detalhadas sobre a peregrinação”, explica Susana Rodrigues, adiantando que “o objetivo é que qualquer pessoa com incapacidade possa realizar o caminho – sozinha ou com apoio –, tendo informação sobre rotas alternativas, pontos de água, albergues e restaurantes inclusivos, ou até mesmo a localização de um hospital e a que distância se encontra”. É ainda possível emitir um alerta através da app, em tempo real, caso algum peregrino precise de ajuda, permitindo que os restantes utilizadores possam ir ao seu encontro.
Primeiro teste no terreno vai dar origem a documentário
A aplicação móvel foi testada no início deste mês de setembro, reunindo um grupo de 11 peregrinos com deficiência, acompanhados por cuidadores e profissionais ligados ao projeto. Em representação de Portugal estiveram duas jovens portuguesas, de 20 e 27 anos, com fibromialgia, neuro divergência, autismo e epilepsia.
Durante três dias, num percurso que se iniciou em Vigo e terminou em Santiago de Compostela, os jovens participantes tiveram oportunidade de avaliar as funcionalidades da app, permitindo ainda que os profissionais analisassem também os principais desafios encontrados. As informações recolhidas vão permitir o desenvolvimento de, por exemplo, melhorias na aplicação.
O projeto integra ainda a criação de uma plataforma com cursos de formação e recursos gratuitos para cuidadores, técnicos e profissionais que organizam roteiros para pessoas com incapacidade. Agora, o InCASA está a produzir um documentário que dará a conhecer a experiência vivida pelos peregrinos. Mais informações sobre o projeto InCASA disponíveis no website da Atlântica (https://uatlantica.pt/incasa-inclusive-camino-de-santiago-an-accessible-journey-for-all/).