Promovida pela AstraZeneca e pela Daiichi Sankyo, a 3.ª edição da campanha “O Meu é Diferente do Teu”, tem como parceiros a associação Careca Power, a Evita, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Sociedade Portuguesa de Senologia e a Sociedade Portuguesa de Oncologia. Nesta edição, a campanha continua a sensibilizar sobre os diferentes subtipos de cancro da mama e ressalva uma importante mudança em saúde pública: o alargamento do programa nacional de rastreio do cancro da mama para abranger mulheres entre os 45 e os 74 anos.1
O cancro da mama é o segundo cancro mais diagnosticado no mundo e em Portugal, sendo o mais diagnosticado em mulheres.2,3 De acordo com os dados do Global Cancer Observatory, de 2022, por ano, em Portugal, são diagnosticados cerca de 8.954 novos casos de cancro da mama e morrem cerca de 2.211 pessoas com este tipo de tumor3. A mortalidade por cancro da mama tem vindo a diminuir nos países ocidentais, provavelmente em resultado de um diagnóstico mais precoce e da melhoria do tratamento.4
Na Europa, a incidência de cancro da mama tem vindo a aumentar nas mulheres jovens (<45 anos).5 O alargamento do rastreio, em vigor desde março de 2025, permitirá que milhares de mulheres até agora não incluídas passem a ter acesso a exames regulares. Isto permitirá uma deteção mais precoce, o que pode levar a um melhor prognóstico da doença1.
“O cancro da mama é hoje uma doença em permanente transformação, tanto na forma como é diagnosticado como nas estratégias terapêuticas disponíveis. O facto de o rastreio nacional passar a incluir mulheres a partir dos 45 e até aos 74 anos é particularmente relevante porque responde a duas realidades distintas. Por um lado, permite chegar a mulheres mais jovens, que ainda estão em idade ativa e muitas vezes não percepcionam o seu risco; por outro, garante acompanhamento a mulheres em idades mais avançadas, que continuam vulneráveis e que até aqui ficavam fora do programa. A deteção precoce é, sem dúvida, a chave para melhorar o prognóstico e para permitir tratamentos eventualmente menos agressivos. Quanto mais cedo conseguirmos intervir, maior a probabilidade de tratamento e, em muitos casos, cura e melhor qualidade de vida das doentes”, afirma o Dr. José Luís Passos Coelho, Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
Com o mote “Se somos todas diferentes, porque é que o nosso cancro há de ser igual?”, a Campanha “O Meu é Diferente do Teu” vem também sublinhar a existência de vários subtipos moleculares de cancro da mama, com diagnósticos, prognósticos e abordagens diferentes.
O cancro da mama pode ser classificado de acordo com o status dos recetores moleculares específicos (proteínas) na superfície das células tumorais, tais como, recetores hormonais de estrogénio e progesterona (RE e RP) e o recetor do fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2).5 De acordo com a presença ou não destes recetores nas células tumorais, determinado por técnicas laboratoriais pela anatomia patológica, existem quatro subtipos diferentes de cancro da mama, com prognósticos diferentes e abordagens individualizadas5:
– Luminal A: É o subtipo mais prevalente que tem uma elevada expressão de recetores hormonais; menor índice de agressividade e ausência de expressão de HER2;6
– Luminal B: Com menor prevalência comparativamente ao subtipo Luminal A, o subtipo Luminal B pode ter ou não positividade para o HER2 e tende a apresentar um índice de proliferação mais elevado;6,7
– HER2+: Cresce mais rápido que os cancros Luminais e regista ausência de expressão de recetores hormonais e elevada expressão de HER2; 6,7
– Triplo negativo: Sem expressão para os RH e para o HER2. É o subtipo que regista um maior índice de agressividade. 6
Sinal da evolução científica nesta área e da mudança do paradigma de que se deve tratar a pessoa e não a doença, começam a ser reconhecidos novos perfis de diagnóstico, como o cancro da mama HER2-low (caracterizado por uma baixa expressão do biomarcador HER2).8
“Sabemos hoje que o cancro da mama é uma doença heterogénea e que não existem dois casos iguais. Esta diversidade biológica reforça a necessidade de individualizar o tratamento, adaptando-o a cada subtipo. Cada subtipo exige uma abordagem personalizada. É fundamental que as mulheres compreendam que perguntar ao médico qual é o seu tipo de cancro pode fazer toda a diferença na tomada de decisão partilhada quanto à escolha do tratamento e no prognóstico da doença. Mas para isso é crucial aumentar a literacia da população: é preciso que as mulheres entendam a importância de conhecer o seu subtipo e que estejam informadas sobre as opções que daí decorrem”, afirma a Dr.ª Gabriela Sousa, Presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia e corrobora a Dr.ª Leonor Ribeiro, da Direção da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
O conhecimento científico tem permitido transformar a gestão clínica do cancro da mama, mas ainda há muito por fazer ao nível da literacia. Um diagnóstico informado é meio caminho para melhores resultados.
“Com a campanha ‘O Meu é Diferente do Teu’, pretende-se sensibilizar para a importância do rastreio, mas também para esta realidade da diversidade do tipo de cancro, que tem impacto direto no dia a dia de quem recebe um diagnóstico e em toda a jornada da pessoa com cancro da mama. Só assim conseguimos promover decisões partilhadas resultando em tratamentos mais adequados ao perfil de cada pessoa”, sublinha a Dr.ª Gabriela Sousa e o Dr. Pedro Simões, da Direção da Sociedade Portuguesa de Oncologia.
A Campanha é ativada nas redes sociais com a partilha de informação útil e prática sobre os subtipos de cancro da mama, diferentes estádios da doença e outras informações relevantes, através de vídeos, testemunhos e conteúdos educativos com o objetivo de promover a prevenção, aumentar o conhecimento e dar voz a todos os que vivem com a doença.
Se lhe for diagnosticado cancro da mama, lembre-se que o seu subtipo pode ser diferente do de outra pessoa, mas conhecer essa diferença é o primeiro passo para encontrar o tratamento mais adequado. Por isso, lembre-se: “O Meu é Diferente do Teu”.
Referências
1. Liga Portuguesa Contra o Cancro. Programa de rastreio de cancro da mama. Lisboa: LPCC; 2024. Disponível em: https://www.ligacontracancro.pt/servicos/detalhe/url/programa-de-rastreio-de-cancro-da-mama/. Consultado em outubro de 2025.
2.Globocan 2022. World Fact Sheet. Disponível em https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/900-world-fact-sheet.pdf. Acedido em outubro de 2025.
3. Globocan 2022. Portugal Fact Sheet. Disponível em https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/620-portugal-fact-sheet.pdf Acedido em outubro de 2025.
4. Registo Oncológico Nacional. (s.d.). Epidemiologia do cancro da mama. Ministério da Saúde.
Disponível em: https://ron.min-saude.pt/pt/tumor/top5/mama/epidemiologia/. Consultado em outubro de 2025.
5. Fernandes I, et al. P. Manual de Oncologia SPO: abordagem e tratamento do cancro da mama. 1ª
edição, edit.on.lab.,lda, 2020. Disponível em:
https://www.sponcologia.pt/fotos/editor2/publicacoes/manual_oncologia_spo.pdf. Acedido em outubro de 2025.
6. Gomes do Nascimento R, Otoni KM. Histological and molecular classification of breast cancer: what do we know? Mastology. 2020;1-8. Disponível em: https://www.mastology.org/wp-content/uploads/2020/09/MAS_2020024_AOP.pdf. Acedido em outubro de 2025.
7. Orrantia-Borunda E, et al. Subtypes of breast cancer. In: Breast Cancer: Molecular and Cellular Biology. Bethesda (MD): National Center for Biotechnology Information; 2022. p. 15–28. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK583808/. Acedido em outubro de 2025.
8. Modi S, et al. Trastuzumab deruxtecan in previously treated
HER2-low advanced breast cancer. N Engl J Med. 2022;387(1):9-20.