Ordem dos Psicólogos Portugueses partilha estratégias para lidar com o Luto
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lança este sábado o documento “Vamos Falar Sobre Luto”, um recurso científico e informativo que pretende ajudar todas as pessoas a compreender melhor o que é o luto, como se manifesta e de que forma é possível atravessá-lo com compaixão, apoio e equilíbrio psicológico.
O luto é uma reação natural de adaptação a uma nova realidade quando ocorre uma perda. Perder alguém ou algo ao longo da vida é inevitável. Todos passaremos, em algum momento, por processos de luto – seja pela morte de alguém significativo, pela perda de saúde, de um emprego, de uma relação, ou até de um projeto de vida. O luto é, por isso, uma reação universal, embora seja também profundamente pessoal.
O documento lembra que “o luto é um processo que nos ajuda a reconhecer que algo mudou irreversivelmente”, e que “o seu propósito não é o esquecimento, mas a reconstrução de um novo sentido para a vida”.
Não há uma forma certa ou errada de viver o luto
Cada pessoa vive o luto ao seu ritmo, de forma única. Como reforça a OPP, “o luto não tem um calendário ou relógio. Cada pessoa reage de forma diferente e ao seu próprio ritmo”. Algumas pessoas choram, outras não; umas preferem o silêncio, outras precisam de falar. O essencial é reconhecer que o sofrimento é uma parte natural do processo de adaptação à perda. Cada pessoa tem direito ao seu processo de luto.
Perdas visíveis e invisíveis
A OPP chama também a atenção para as perdas socialmente marginalizadas, que muitas vezes não recebem o reconhecimento ou o apoio de que necessitam — como o término de uma relação amorosa ou de amizade, a perda de um animal de estimação, de um emprego ou de um projeto pessoal ou uma doença ou condição de saúde. Estas experiências, embora nem sempre valorizadas pela sociedade, podem gerar um luto real e profundo, que merece ser reconhecido e cuidado.
As crianças e os adolescentes também vivem o luto
O documento dedica uma secção especial às crianças e adolescentes, explicando como compreendem a morte em diferentes idades e como podem ser apoiados de forma adequada. As crianças podem ter reações muito variáveis à morte e ao luto, dependendo da sua idade e do grau de compreensão destes conceitos. Como nas pessoas adultas, as reações das crianças dependem ainda das suas caraterísticas/temperamento, da relação com a pessoa que morreu e da reação observada nos membros da família, das circunstâncias em que ocorreu a morte e da informação dada à criança sobre o que aconteceu, entre outros fatores.
O documento explica que “dar a notícia da morte de alguém próximo e apoiar uma criança durante o luto é delicado. A forma como a informação é transmitida pode ter impacto no seu bem-estar e na capacidade de lidar com a perda”. Deve procurar-se utilizar sempre uma linguagem adequada à idade e ao nível de desenvolvimento da criança, usando palavras claras e exemplos simples (por exemplo, “o corpo parou de funcionar”). Não tenha receio de usar a palavra morte e evite metáforas e eufemismos que podem confundir a criança e criar expetativas irrealistas (por exemplo, “está a dormir”, “foi para o céu”).
Já na adolescência, a morte é percebida como um evento natural e inevitável, embora distante da sua realidade pessoal – ou seja, que dificilmente pode acontecer ao próprio adolescente. No entanto, a morte de alguém próximo pode abalar profundamente a sua visão do mundo e a perceção de segurança.
A Ordem dos Psicólogos Portugueses deixa algumas estratégias sobre como ajudar um adolescente a lidar com o luto, como fazer perguntas abertas, manter rotinas e responsabilidades, e valorizar os pares.
Link para o documento completo aqui.
 
								 
								