A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) acaba de revelar os resultados da 2.ª edição do Barómetro de Integração de Cuidados (BIC), um estudo realizado pela EY Portugal que avaliou a perceção de quase 8.000 profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sobre o nível de integração de cuidados nas suas unidades. As conclusões apontam para uma melhoria ligeira na perceção da integração de cuidados, com uma pontuação global de 3,29 em 5, o que representa um crescimento de 8% em relação a 2024, porém persistem fragilidades na coordenação entre unidades, com ausência de incentivos à cooperação e de política salarial integrada.

O BIC, desenvolvido pela EY, é uma iniciativa da APAH e da Bayer Portugal, que conta com a colaboração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e com o apoio institucional da Portuguese Association for Integrated Care (PAFIC). O questionário foi constituído por 53 afirmações, divididas por 6 dimensões: clínica, informação, normativa, administrativa, financeira e sistémica, que foram avaliadas numa escala de 1 a 5 de acordo com o nível de concordância ou “NS – Não Sei” caso o inquirido não tenha informações suficientes para avaliar conscientemente uma questão.

De acordo com Xavier Barreto, presidente da APAH, “o Barómetro de Integração de Cuidados é um estudo muito importante, pois permite identificar onde devemos concentrar os nossos esforços de integração. Estes resultados mostram que ainda há muito a fazer para que o SNS, no seu conjunto, consiga melhorar. Mesmo com progressos, a integração não é um dado adquirido, podendo haver retrocessos se não houver continuidade de empenho, liderança e recursos”.

Entre as principais conclusões do estudo, destacam-se: a dimensão normativa obteve a melhor classificação e também foi a que mais melhorou face à edição anterior, evidenciando o alinhamento regulatório e procedimental das várias unidades de saúde que constituem as ULS. Por outro lado, a dimensão financeira, volta a destacar-se pela baixa classificação, como também pelo reduzido índice de resposta (45%) entre os vários grupos profissionais, sugerindo potencialmente falta de visibilidade com a gestão financeira e a distribuição de recursos no seio das ULS.

Segundo Miguel Amado, Partner, Government and Public Sector Leader da EY Portugal, a entidade responsável pelo desenvolvimento do estudo, “a participação expressiva, quase oito mil profissionais do SNS, ilustra a importância do tema da Integração de Cuidados de Saúde. Ouvir quem está no terreno é fundamental em qualquer processo de mudança. No fim, seja qual for o setor ou a escala, a transformação acontece sempre através das pessoas”.

Os diferentes grupos profissionais dentro do SNS têm perceções diferentes da integração de cuidados, influenciadas pelos seus papéis e pelas Unidades em que trabalham. Os Administradores Hospitalares mostraram um maior domínio nas dimensões administrativas e financeiras, às quais atribuíram pontuações elevadas, apesar da baixa média nacional. Na dimensão clínica, são os enfermeiros e os médicos quem mostram maior conhecimento, sendo os médicos aqueles cuja perceção de integração é pior.

Para além disso, a perceção da integração dos cuidados varia em função da região do país. o Algarve é a região que apresenta, em todas as dimensões, uma perceção de integração inferior, ainda que apresente o maior crescimento face ao ano anterior.

Por último, a perceção de integração é superior nas unidades com operação anterior a 2024, contudo, observa-se uma aproximação das avaliações médias, sugerindo que a criação das ULS mais recentes está a contribuir para uma maior perceção de integração.