7.º Seminário da EPVA-ULSA destacou o papel dos profissionais de saúde no combate à violência coerciva
O Politécnico de Setúbal (IPS) foi recentemente o anfitrião do 7.º Seminário da Equipa de Prevenção da Violência no Adulto (EPVA) da Unidade Local de Saúde da Arrábida (ULSA), em torno da temática da violência coerciva, um tipo de agressão que se expressa através do controlo psicológico, manipulação, ameaças, isolamento e intimidação.
O encontro, realizado a 14 de novembro em parceria com a Escola Superior de Saúde (ESS/IPS), reuniu mais de uma centena de participantes, entre profissionais de saúde, assistentes sociais, psicólogos/as, representantes institucionais, estudantes e docentes, numa reflexão e partilha sobre estratégias para reconhecer, prevenir e intervir na chamada “violência invisível”.
O programa colocou em cima da mesa vários tipos de violência na vida adulta – do abuso sexual de homens e rapazes ao percurso traumático de muitos e muitas migrantes – abordando também o papel dos e das profissionais de saúde na deteção precoce e intervenção, bem como a importância da cooperação entre os setores da Justiça e da Saúde no processo de denúncia e proteção da vítima.
António Freitas, subdiretor da ESS/IPS, interveio na sessão de abertura agradecendo a oportunidade de o IPS poder estar associado a uma iniciativa desta importância, “que une a comunidade académica, os profissionais de saúde e as instituições na construção de uma sociedade mais justa e mais segura, reforçando a ponte entre o conhecimento e prática concreta nos serviços de saúde e na comunidade”.
O responsável, que falou também em nome da presidente do IPS, Ângela Lemos, considerou que, “enquanto instituição de Ensino Superior, o IPS tem um compromisso firme com a formação de profissionais conscientes, críticos e socialmente responsáveis, capazes de agir não só com competência técnica, mas também com sensibilidade humana”.
Zélia Candeias, coordenadora da EPVA-CSP da ULSA e também docente da ESS/IPS, teve a seu cargo o encerramento do encontro, lembrando os números recentemente divulgados pelas autoridades. “O ano de 2025 revelou um agravamento da situação em Portugal, com a PSP e a GNR a registarem 25.327 ocorrências de violência doméstica nos primeiros nove meses do ano — o valor mais elevado dos últimos sete anos. Este período incluiu ainda cinco homicídios, elevando para 18 o número total de mortes associadas a este fenómeno apenas em 2025”.
É neste contexto, justificou a responsável, que EPVA-CSP da ULSA organiza anualmente o seu seminário, que “representa um compromisso contínuo de 10 anos de trabalho, abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra, reforçando o papel da saúde na prevenção, intervenção e articulação comunitária”.
Sobre a violência coerciva, que esteve no centro do debate, alertou para um fenómeno frequentemente oculto e difícil de identificar, na medida em “destrói silenciosamente, corroendo a autoestima e a capacidade de decisão da vítima, provocando impactos físicos, emocionais e neurológicos que muitas vezes permanecem ocultos aos olhos da sociedade e até dos próprios serviços de saúde”.
Nesse sentido, a formação é um “eixo fundamental”, sendo que “a parceria com a ESS/IPS tem sido especialmente profícua, uma vez que esta temática integra o processo formativo dos estudantes, o que se traduz em profissionais mais habilitados, conscientes e sensíveis a uma problemática complexa e transversal, reforçando a capacidade de resposta dos serviços de saúde e da própria comunidade”, rematou.