Alcançar a gravidez pode ser um percurso longo e exigente para muitas mulheres. A espera, quando se prolonga no tempo, traz consigo um turbilhão de emoções que exige resiliência e força interior. Neste mês, dedicado à fertilidade, a médica ginecologista Tetyana Semenova deixa algumas recomendações às mulheres que pretendem ser mães e uma mensagem de esperança às que já iniciaram este percurso e enfrentam a infertilidade: com acompanhamento médico, mudanças no estilo de vida e apoio emocional, é possível vencer muitos dos obstáculos que se colocam à maternidade.
Em Portugal, cerca de 300 mil casais enfrentam dificuldades para alcançar uma gravidez, mas a maioria destes casais ainda sofre em silêncio. Segundo a especialista, quebrar este tabu é o primeiro passo para promover a compreensão, o apoio emocional e o acesso atempado às soluções médicas disponíveis. “A infertilidade é um problema mais comum do que se imagina e pode ter causas diversas: femininas, masculinas, mistas ou, em alguns casos, inexplicadas. Nem sempre há uma resposta clara, mas há quase sempre caminhos a explorar”, sublinha a médica do IVI Lisboa.
As causas podem ser múltiplas e, frequentemente, associadas a fatores como o stresse, o sedentarismo, a alimentação desequilibrada, o consumo exagerado de álcool e tabaco, o excesso de peso e a obesidade. “Adotar um estilo de vida saudável é essencial, quer para melhorar a fertilidade, quer para garantir uma gravidez com menos riscos”, aconselha a Dra. Tetyana Semenova. Entre os principais pilares estão uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física, o abandono de hábitos nocivos e o sono reparador. “São decisões simples no dia a dia, mas que podem fazer uma enorme diferença”.
Preservar a fertilidade para garantir opções no futuro
A idade continua, no entanto, a ser um fator determinante da fertilidade feminina. Por motivos profissionais, pessoais ou económicos, muitas mulheres adiam o projeto reprodutivo. Contudo, a quantidade e qualidade dos ovócitos diminui consideravelmente a partir dos 35 anos. “É fundamental estar informada e procurar aconselhamento médico especializado. Para quem está a pensar adiar a maternidade, a congelação dos óvulos é uma forma de garantir mais opções no futuro”, defende a ginecologista.
Considera-se que há um quadro de infertilidade quando a gravidez não ocorre após 12 meses de tentativas regulares. No caso de mulheres com mais de 35 anos, esse prazo reduz-se para seis meses. É importante saber que, em Portugal, o acesso aos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) é permitido até aos 50 anos, um limite que tem em conta a diminuição progressiva da fertilidade feminina e os riscos que a gravidez acarreta na idade avançada.
Para além dos fatores físicos, a componente emocional merece igual atenção. A frustração que acompanha as tentativas falhadas, pode gerar ansiedade, tristeza e até isolamento. “O equilíbrio emocional é um dos alicerces de todo este processo”, reforça a Dra. Tetyana Semenova. “Ter um acompanhamento psicológico, manter interesses pessoais e partilhar o percurso com quem compreende os desafios pode ajudar a enfrentar este caminho com mais leveza e esperança”.
O Mês da Fertilidade, que se assinala em junho é um momento para sensibilizar e informar, mas também para dar voz às mulheres e casais que enfrentam a infertilidade. Um tempo para lembrar que a maternidade pode não chegar de forma imediata, mas que existem alternativas, caminhos e apoio.