Transformação Digital na Saúde:  Futuro da Interoperabilidade e Gestão Integrada

Os desafios e oportunidades associados à digitalização e interoperabilidade no sistema de saúde foram o tema central do Seminário de Saúde, promovido pela GS1 Portugal, no dia 29 de maio. O Hospital de Cascais recebeu especialistas e líderes do setor farmacêutico e hospitalar para discutir a transformação digital no setor, com foco na eficiência, segurança e colaboração.
João de Castro Guimarães, Diretor Executivo da GS1 Portugal, começou por destacar o papel estratégico da organização na implementação de standards globais, sublinhando que “é essencial estabelecer uma linguagem comum para que todos os intervenientes do setor possam comunicar de forma eficaz”.
A par da importância da interoperabilidade, apontada por João de Castro Guimarães como um dos principais vetores para a modernização do sistema de saúde, José Bento, Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Cascais, destacou a relevância das parcerias público-privadas para a inovação e gestão integrada de cuidados: “Esta dinâmica permite ganhos de eficiência e estabelece padrões de qualidade que se traduzem em vantagens significativas para o setor”, afirmou.
No painel dedicado ao impacto da transformação digital nos regulamentos europeus de tecnologias médicas, Antonieta Lucas, Presidente da APORMED – Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos, realçou que os “dados são o novo combustível”, reforçando a necessidade de construir ecossistemas de saúde inteligentes através da utilização de ferramentas digitais e inteligência artificial. “É crucial priorizar a prevenção, a proatividade e a colaboração entre os setores público, privado e terceiro setor”, acrescentou.
Filipa Costa, Vice-Presidente da APIFARMA, trouxe à discussão a urgência de avançar com a digitalização no setor da saúde, apresentando exemplos concretos sobre os benefícios da partilha de dados entre instituições. “A interoperabilidade é a palavra-chave. Num sistema sob pressão, otimizar desde a eficiência clínica até à financeira é fundamental para garantir melhores resultados para os doentes”, sublinhou.
O Painel de Debate, moderado por Raquel Abrantes, Diretora de Qualidade e Standards da GS1 Portugal, contou com a participação de Afonso Almeida, Presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística; Henrique Nogueira, do Grupo Profissional de Farmácia Militar e de Emergência, da Ordem dos Farmacêuticos; Patrícia Cavaco, Presidente da APFH – Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares; e Vasco Conceição, Business Unit Director – Retail & Consumer Health da IQVIA Portugal. Durante as intervenções, foi destacado o papel essencial da logística e da automatização na rastreabilidade e segurança nos medicamentos e dispositivos médicos. Afonso Almeida começou por sublinhar que “a logística é fundamental em todos os setores da saúde” e que, com as ferramentas disponíveis atualmente, “podemos alcançar níveis de eficiência que eram impensáveis há 20 ou 30 anos”. Henrique Nogueira reforçou a necessidade de capacitar as pessoas, afirmando que “não basta termos sistemas eficientes; é essencial que todos falem a mesma linguagem promovendo a convergência entre tecnologias e profissionais”. Já Patrícia Cavaco destacou que “a automatização não é algo do futuro, é presente”, acrescentando ainda que esta permitirá a rastreabilidade e, consequentemente, a segurança do doente. Vasco Conceição, sublinha ainda a importância da Inteligência Artificial associada a estes sistemas, pois “todos os operadores deveriam ter acesso à informação necessária para garantir um funcionamento eficiente e integrado do sistema, reduzindo significativamente a burocratização”.
Tiago Seguro, Global Head of Pharma da Rangel Logistics Solutions, foi o último orador do Seminário, reforçando que, apesar do avanço tecnológico, “as pessoas estão no centro de todo o processo”. Alertou ainda para a necessidade de codificação e normalização entre tecnologias para evitar atrasos e otimizar processos. “A digitalização deve começar desde o primeiro momento, transformando o papel em digital e antecipando cenários de crise”, concluiu.
O evento terminou com uma visita guiada ao Circuito do Medicamento no Hospital de Cascais, proporcionando aos participantes uma visão prática das soluções digitais implementadas.