No âmbito da campanha internacional Support. Don’t Punish, um conjunto de coletivos e organizações (Ares do Pinhal, Coletivo CRIA, CRESCER, GAT, Manas, Kosmicare, Opus Diversidades e Somos Mulheres) promovem, no próximo dia 4 de julho, o encontro “Vivências e Vozes que Resistem: Mulheres, Pessoas Trans e Pessoas Não Binárias que Usam Drogas”, em Lisboa.
O evento terá início com uma roda de conversa aberta ao público, no espaço Favela Lx. Com a participação de coletivos como MANAS, SOMOS Mulheres, YouthRISE, e Opus Diversidades. Este momento pretende dar visibilidade a experiências e resistências, com o objetivo de reunir propostas concretas para políticas públicas mais justas, interseccionais e centradas nos direitos humanos. As recomendações resultantes serão posteriormente apresentadas ao Governo Central, ICAD e a Câmara Municipal de Lisboa.
A roda de conversa será seguida de um momento de celebração com um DJ set com artistas da comunidade, bem como de uma exposição de arte produzida por pessoas da comunidade em contexto de oficinas de arte/reflexão acerca da temática da interseção do género nas vivências das pessoas que usam drogas.
Enquadramento
A campanha Support. Don’t Punish é uma iniciativa global que, desde 2013, mobiliza comunidades afetadas pela chamada “guerra às drogas” em dezenas de países.
Em Portugal, apesar de avanços legislativos como a Lei n.º 30/2000, a política de drogas continua a reproduzir uma abordagem biomédica e securitária, invisibilizando pessoas em situações de maior vulnerabilidade — nomeadamente mulheres e pessoas trans que usam drogas, que enfrentam níveis de violência de género até seis vezes superiores à média (Lisbon Addictions 2024, Gender violence experienced by woman who use drugs), bem como exclusão persistente dos serviços de saúde, habitação e apoio social .
Apesar do contributo ativo destas comunidades para a redução de riscos e para a promoção da saúde, a sua exclusão das esferas de decisão política tem impedido a construção de respostas verdadeiramente eficazes e equitativas. Importa destacar que, até à data, não existem em Portugal serviços de redução de riscos especificamente orientados para mulheres, pessoas trans e não binárias.
A interseccionalidade entre género e uso de substâncias permanece num sistema ainda fortemente cis heteronormativo. O género influencia padrões e motivações de consumo, riscos associados e acesso a apoios adequados. Mulheres cis, mulheres trans e pessoas não binárias enfrentam obstáculos múltiplos, desde a ausência de serviços sensíveis ao género até à responsabilização no cuidado ou ao medo de perder a guarda dos filhos, o que dificultam o acesso à ajuda.
Neste contexto, é urgente refletir, mobilizar e agir. É essencial garantir espaços seguros e inclusivos, onde pessoas que usam drogas possam partilhar experiências livremente e sem estigma. Paralelamente, é necessário estimular o diálogo político de forma a desenvolver políticas públicas verdadeiramente comprometidas com a equidade e os direitos humanos.
Informações úteis
Data: 4 de julho de 2025
Hora: 19h
Local: Favela Lx
Entrada Livre
Contamos com a presença de todas as pessoas!