A edição de 2025 do concurso de Investigação em Saúde da Fundação ”la Caixa” selecionou 34 novos projetos de investigação biomédica de excelência, atribuindo até um milhão de euros a cada um. Os projetos são liderados por 25 centros de investigação, universidades e hospitais espanhóis, e por 9 instituições portuguesas.
Nesta oitava edição, foram apresentadas 714 propostas de investigação básica, clínica e translacional. O concurso está especialmente direcionado para abordar desafios de saúde em várias áreas: neurociências, doenças cardiovasculares e metabólicas, oncologia, doenças infeciosas e tecnologias facilitadoras em alguns destes campos.
Este ano, os acordos com a Fundação Breakthrough T1D e com a Fundação Luzón permitiram dar maior destaque ao financiamento de iniciativas centradas na diabetes tipo 1, com dois projetos financiados, e na esclerose lateral amiotrófica (ELA), com um projeto selecionado. O concurso conta ainda com a colaboração da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), organismo público sob tutela do Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, que destina 1,8 milhões de euros para financiar 3 dos 9 projetos portugueses premiados nesta edição.
Os projetos portugueses deste ano destacam-se pelo seu carácter inovador e elevado impacto social, abrangendo diversas áreas da investigação biomédica de ponta. Incluem iniciativas como o projeto de Bruno Sarmento (i3S, Universidade do Porto), que desenvolve um dispositivo implantável para melhorar o tratamento do glioblastoma, e o de Claus Maria Azzalin (Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular), que investiga a estabilidade do genoma através das interações entre telómeros e ARN. Inclui-se também o trabalho de Ricardo Henriques (ITQB NOVA), que aplica microscopia baseada em inteligência artificial para estudar infeções virais.
A investigação oncológica tem igualmente uma presença relevante, com o projeto de João Lacerda (GIMM), que desenvolve uma célula CAR-T universal eficaz contra vários tipos de cancro, e o de June Ereño-Orbea (CIC bioGUNE), que conta com a participação de Carlos Minutti (Fundação Champalimaud) e que utiliza nanotecnologia para potenciar a imunoterapia contra o cancro. Destacam-se ainda o projeto de Ana Eulálio (Universidade de Coimbra), que analisa a sobrevivência intracelular e a resistência aos antibióticos da Staphylococcus aureus (um dos principais agentes responsáveis por infeções adquiridas em meio hospitalar e comunitário), o de Cristina Márquez (Universidade de Coimbra), que procura descodificar os mecanismos cerebrais subjacentes à empatia e ao comportamento social. Por fim, o projeto de Joseph Paton (Fundação Champalimaud), que investiga como a dopamina e os circuitos neuronais influenciam os processos de tomada de decisão.
Esta edição destaca-se ainda pelo apoio a projetos portugueses que exploram novas abordagens de medicina preventiva e terapias inovadoras com impacto direto na saúde pública=. De salientar iniciativas que abordam doenças neurológicas e do desenvolvimento, como o projeto de Diogo Castro (i3S, Universidade do Porto), centrado em compreender como pequenas alterações no ADN influenciam a formação e a função do cérebro, e o de Ana Paula Pêgo (i3S, Universidade do Porto), que desenvolve novas estratégias de proteção cerebral para prevenir danos causados por doenças neurológicas graves, como o acidente vascular cerebral, a epilepsia e a ELA. Estes projetos refletem o forte compromisso de Portugal com a investigação biomédica de excelência, combinando talento científico, inovação tecnológica e colaboração internacional, com um impacto social e clínico significativo.
Segundo Àngel Font, subdiretor-geral de Investigação e Bolsas da Fundação ”la Caixa”, “a investigação biomédica é uma das formas mais poderosas de melhorar a vida das pessoas. Os 34 projetos premiados abordam desafios muito diversos a partir de diferentes perspetivas, mas todos partilham três eixos fundamentais para avançar rumo a um futuro mais promissor para os doentes e as suas famílias: colaboração, talento e inovação”.
Entrega de bolsas do concurso
O Museu de Ciência CosmoCaixa acolheu a cerimónia de entrega das bolsas, que contou com a presença de vários representantes da Fundação ”la Caixa”, como o subdiretor geral de Investigação e Bolsas, Àngel Font, e a diretora geral adjunta, Esther Planas. A cerimónia contou também com a presença da vogal do Conselho Diretivo da FCT, Maria Paula Diogo, da presidente da Fundação Luzón, María José Arregui, e a vice-presidente de Investigação da Breakthrough T1D, Esther Latres, além dos investigadores e investigadoras que lideram os projetos.
O concurso de Investigação em Saúde da Fundação ”la Caixa”, que este ano atribui 26 milhões de euros a investigações biomédicas de excelência, concede até 500.000 euros a projetos com uma única instituição de investigação envolvida e até um milhão de euros a consórcios de investigação formados por várias instituições. Nesta edição, os projetos em consórcio contam com a colaboração de grupos de investigação de sete países.
Desde o início do programa em 2018, o montante total do concurso de Investigação em Saúde da Fundação ”la Caixa” ascende a 172,3 milhões de euros para 234 projetos, dos quais 162 são liderados por equipas espanholas e 72 por grupos de investigação portugueses. Atualmente, este é um dos concursos de investigação em biomedicina e saúde de referência na Península Ibérica.