Existem diversos fatores que comprometem o uso mais generalizado destas alternativas terapêuticas biológicas em diversos contextos clínicos.
Na Semana Mundial dos Medicamentos Biossimilares (Global Biosimilars Week), que se realiza nesta semana entre 11 e 15 de novembro, a Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) revela a existência de diversas barreiras que impedem atingir as potencialidades dos medicamentos biossimilares no SNS.
O mercado nacional de medicamentos biossimilares em contexto hospitalar continua a apresentar quotas de mercado heterogéneas com valores que variam entre os 5,1% e 100%, de utilização, de acordo com dados do benchmark do INFARMED. A APOGEN, representada pela sua Presidente, Maria do Carmo Neves, destaca “o trabalho contínuo realizado por todos os stakeholders da saúde, ainda que as diferenças de adoção impeçam que mais pessoas possam beneficiar de melhores cuidados de saúde que necessitam, incluindo o tratamento com medicamentos biológicos.”
A nível nacional, a responsável da mesma associação salienta “apesar de se ter mapeado os determinantes, barreiras e facilitadores da utilização de medicamentos biossimilares nos hospitais públicos com a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa”, os níveis de adoção regrediram cerca de 13 p.p., entre 2021 e 2023, refletindo “um potencial inexplorado na eficiência, sustentabilidade do SNS e no acesso aos cuidados de saúde”.
Neste âmbito, a APOGEN considera que é fulcral “reforçar o papel e a relação da Comissão de Farmácia e Terapêutica com os conselhos de administração dos hospitais do SNS, assim como promover esclarecimentos e orientações dadas pelo Ministério da Saúde, à medida que vão surgindo novos medicamentos biossimilares”, reforça a mesma responsável associativa.
A responsável da APOGEN garante que “a literacia é essencial para assegurar a tomada de decisões informadas na prevenção, na melhoria da qualidade de vida e na melhor gestão dos recursos da saúde pública, pelo que a maior compreensão de aspetos científicos, económicos e clínicos dos medicamentos biossimilares vai melhorar a confiança e a aceitação destas terapêuticas”.
A APOGEN recomenda a necessidade de gerir de forma antecipada a comunicação e a formação dos profissionais nos hospitais do SNS sobre os medicamentos biossimilares, especialmente em novas áreas terapêuticas logo que estes fármacos estejam disponíveis.
A atratividade do setor e o pipeline de lançamento dos novos medicamentos biossimilares no futuro são baixos no mercado europeu. Segundo dados do setor, dos 26 medicamentos biológicos de referência cuja patente expira até 2032, apenas 33% irão ter alternativa nos fármacos biossimilares. A mesma representante da indústria farmacêutica considera que “esta é uma oportunidade perdida.” É assim prioritária a aplicação de políticas para acelerar a entrada e o desenvolvimento de biossimilares, a racionalização dos estudos clínicos e a dinamização das condições de mercado a fim de permitir a maior disponibilidade, acessibilidade e pluralidade de oferta.
Os medicamentos biossimilares são fármacos altamente similares ao seu medicamento biológico de referência e só podem ser comercializados após a expiração da patente do produto originador. Introduzidos em 2008 em Portugal, os biossimilares são usados na diabetes, no cancro, nas doenças auto-imunes e na oftalmologia, assegurando uma elevada qualidade, eficácia e segurança com a vantagem de serem mais custo-efetivos.