A Ordem dos Médicos (OM) considera que o elevado número de vagas por preencher no concurso de formação de especialidade reflete a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atrair e fixar jovens médicos.

A degradação do sistema de saúde, acentuada nos últimos anos, está a afastar os jovens médicos das especialidades e poderá comprometer a capacidade de formação nos próximos anos.

Para o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, “o Ministério da Saúde precisa de rever urgentemente o sistema de formação e de atribuição de vagas para que possa ir ao encontro das necessidades e expectativas dos jovens médicos. Se nada for feito, em breve, podemos ter serviços condicionados na sua capacidade formativa de novos especialistas, o que poderá colocar em causa a sustentabilidade e a capacidade de resposta básica do SNS.”

“Estes números vêm, uma vez mais, reforçar a urgência em adotar medidas que valorizem a carreira médica, medidas estruturais que estimulem e atraiam os jovens médicos para o SNS”, alerta Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos. “Nesse sentido, a Ordem dos Médicos apresentou, no âmbito do Orçamento do Estado 2025, um conjunto de propostas aos partidos políticos que visavam inverter esta situação e contribuir para aumentar a atratividade da carreira médica”.

Segundo dados da ACSS, terão ficado por escolher no concurso para o Internato Médico 307 vagas das 2167 que foram disponibilizadas. Áreas de especialização como Medicina Geral e Familiar (168 vagas por ocupar), Medicina Interna (49), Patologia Clínica (32) ou Saúde Pública (15) destacam-se pela menor procura, o que continua a merecer grande apreensão da Ordem dos Médicos.

“A realidade com que muitos estudantes de medicina se deparam nos hospitais pode estar a afastá-los da especialização, e isso coloca em causa a sustentabilidade do SNS,” alerta José Durão, presidente do Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos. “O Governo precisa de dar um sinal imediato de que quer valorizar a formação, e isso significa melhorar também as condições de trabalho dos especialistas para que consigam formar mais médicos internos, com a qualidade desejada”, conclui.

Por regiões, a situação é particularmente preocupante no Alentejo, onde ficaram por preencher mais de 50% das vagas, mas também nos Açores (31,4%) e Madeira (21.6%), Lisboa e Vale do Tejo (18,5%) e a região Centro (18.1%).