Competitividade do mercado farmacêutico, extensão da dispensa de medicamentos em proximidade, reforço da intervenção em programas de saúde e reconhecimento como infraestrutura crítica
No último ano, os distribuidores farmacêuticos voltaram a prestar um contributo fundamental para o bom funcionamento da saúde pública em Portugal, assegurando o abastecimento contínuo às farmácias de todo o país, incluindo o continente e as ilhas.
Para 2025, a ADIFA – Associação de Distribuidores Farmacêuticos espera novas iniciativas políticas e setoriais que contribuam para cadeias de abastecimento mais robustas e resilientes, bem como para um setor mais competitivo e sustentável do ponto de vista financeiro e económico.
Deste modo, a associação elenca quatro prioridades setoriais para o novo ano.
1. Atratividade do mercado farmacêutico nacional e sustentabilidade financeira
A atratividade do mercado farmacêutico português é um desafio que merece a maior atenção em 2025. Num contexto global marcado por uma oferta limitada e uma procura de dimensão mundial, o mercado nacional – periférico e de pequena dimensão – tem dificuldades em competir com mercados mais fortes.
Garantir a atratividade financeira e económica do mercado português, com impacto direto na eficácia dos operadores do setor em dar resposta às necessidades de saúde da população, exige medidas céleres e eficazes. A implementação de um mecanismo de atualização automática dos preços dos medicamentos – ajuste já aplicado em várias indústrias – resultará numa maior atratividade do mercado e promoverá uma maior estabilidade do setor. Adicionalmente, contribuirá para criar condições mais favoráveis para a sustentabilidade financeira dos distribuidores farmacêuticos. Considerando a relevância da distribuição farmacêutica para a saúde pública e o enquadramento específico das questões regulamentares, é imprescindível que as empresas possam operar em condições económicas adequadas. Assim, o reforço das cadeias de abastecimento e a sustentabilidade dos distribuidores farmacêuticos devem ser encarados como prioridades estratégicas a nível nacional.
2. Extensão da dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade a todo o território nacional
No final de 2024, este regime foi alvo de um projeto-piloto que demonstrou o potencial para otimizar o acesso a tratamentos e cuidados de saúde em Portugal. A transição de medicamentos, atualmente dispensados em meio hospitalar, para as farmácias comunitárias, política que a ADIFA tem defendido e cuja implementação tem contado com o contributo determinante dos distribuidores farmacêuticos, constituiu um avanço extremamente importante.
Em 2025, a ADIFA espera que este sistema seja efetivamente ampliado, considerando o potencial já demonstrado enquanto facilitador do acesso dos doentes às terapêuticas e contributo para que os hospitais fiquem reservados à prestação de cuidados diferenciados. Aplicada à escala nacional, prevê-se que a dispensa em proximidade poderá beneficiar até 200 mil utentes.
3. Reforço da intervenção dos distribuidores farmacêuticos nos programas de saúde pública
O contributo da distribuição farmacêutica nos programas de saúde pública, com notável impacto, tem-se manifestado um fator de significativa relevância para o sucesso das campanhas implementadas. Exemplo desse contributo, há que destacar a participação das empresas do setor nas campanhas sazonais de vacinação contra a gripe e a COVID-19.
O sucesso destas operações logísticas é ilustrativo da fiabilidade e capacidade operacional das empresas do setor, que estão disponíveis para alargar a sua colaboração a outros programas de saúde pública. A ADIFA propõe que o apoio dos distribuidores farmacêuticos nas campanhas de vacinação sazonal seja estendido a outras vacinas contempladas no Plano Nacional de Vacinação, bem como a outras intervenções, como os rastreios do cancro colorretal e de Helicobacter pylori.
4. Reconhecimento da distribuição farmacêutica de serviço completo como infraestrutura crítica
O reconhecimento da distribuição farmacêutica como infraestrutura crítica para o sistema de saúde deve ser uma prioridade à consideração das entidades competentes. Os distribuidores farmacêuticos de serviço completo prestam um serviço de interesse público e o seu reconhecimento enquanto entidades prioritárias é da maior importância para priorizar o abastecimento destas empresas em cenários de crise, assegurando a continuidade do fornecimento de produtos de saúde em situações de rutura.
Esta medida não só constitui um contributo para fortalecer a cadeia de distribuição e o direito dos cidadãos ao acesso a produtos de saúde, como promove a confiança no setor, clarifica as responsabilidades acrescidas dos distribuidores farmacêuticos e reconhece as condições especiais em que estes operam para assegurar o abastecimento contínuo das farmácias nacionais.
“As prioridades estratégicas identificadas pela ADIFA visam fortalecer as cadeias de abastecimento, reconhecer e impulsionar as empresas do setor e assegurar um acesso contínuo aos medicamentos e produtos de saúde, independentemente da localização geográfica dos utentes. A distribuição farmacêutica de serviço completo continuará, em 2025, a desempenhar um papel fulcral para a prestação de cuidados de saúde em Portugal”, refere Nuno Flora, Presidente Executivo da ADIFA.
No novo ano, a ADIFA mantém a disponibilidade para colaborar com as autoridades políticas e regulatórias no sentido de contribuir para um ecossistema da saúde mais eficiente, justo, resiliente, sustentável e funcional.