A Ordem dos Médicos recebeu com pesar a notícia da morte de Paulo Mendo, médico neurologista e neurorradiologista, referência incontornável da Saúde em Portugal.
Da sua longa carreira destacamos, entre muitas outras intervenções, a fundação do primeiro serviço português de neurorradiologia no Hospital de Santo António no Porto e a forma como contribuiu para a criação dessa especialidade médica em Portugal.
Em 1981/1982, enquanto Secretário de Estado da Saúde do Ministério dos Assuntos Sociais, publicou o primeiro diploma das carreiras médicas, uma reivindicação dos médicos desde 1961. Paulo Mendo teve ainda um papel importante no que se refere à evolução qualitativa da formação médica ao publicar, enquanto Ministro da Saúde, a titulação única na obtenção do título de especialista, o que acabaria com a fragmentação da qualificação médica que existia antes.
Além de médico, teve uma importante ação cívica e política. Em jovem integrou o MUD juvenil (Movimento de Unidade Democrática) lutando pela democracia e pela liberdade. Paulo Mendo foi preso pela PIDE cerca de 2 meses e meio, juntamente com outros dirigentes estudantis. Exilou-se em Marrocos. Regressou a Portugal, depois do 25 de abril. Foi Secretário de Estado da Saúde por duas ocasiões e Ministro da Saúde do XII Governo Constitucional entre 1993 e 1995.
Paulo Mendo foi homenageado em vida pela Ordem dos Médicos num encontro onde estiveram presentes médicos e doentes, mas também personalidades políticas dos mais diversos quadrantes, demonstrando a forma como o médico sempre conseguiu estabelecer linhas de diálogo com todos. No breve agradecimento que fez à homenagem surpresa da Ordem dos Médicos, Paulo Mendo referiu como sempre valorizou a diversidade na sua ação cívica e política. Uma diversidade que lhe granjeou respeito e admiração até dos adversários políticos.
Neste momento de tristeza, a Ordem dos Médicos e o seu Bastonário endereçam à família e amigos as suas sentidas condolências.