A Páscoa chega e, com ela, a tentação dos doces, folares e pratos tradicionais. Mas o que poucos sabem é que os excessos alimentares desta época podem afetar a fertilidade tanto de mulheres como de homens. “A alimentação tem um papel fundamental na saúde reprodutiva. O que comemos pode influenciar diretamente a qualidade dos óvulos e espermatozoides, impactando diretamente as hipóteses de conceção e de uma gravidez saudável”, explica o Dr. Paulo Vasco, Médico Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Sub-especialista em Medicina de Reprodução da Ava Clinic.

Segundo o médico, uma dieta equilibrada pode aumentar as probabilidades de gravidez natural e até melhorar os resultados de tratamentos de reprodução medicamente assistida. “A dieta mediterrânica, que privilegia vegetais, frutas, peixes, azeites e laticínios com baixo teor de gordura, está associada a maiores taxas de gravidez e ao nascimento de bebés saudáveis”, afirma. Por outro lado, uma alimentação rica em gorduras saturadas, açúcares e carnes processadas pode dificultar a conceção e aumentar o risco de complicações na gestação.

Os homens também não ficam de fora desta equação. A qualidade do esperma é diretamente influenciada pela dieta. “Alimentos ricos em antioxidantes, ómega-3 e vitaminas como C e E podem melhorar a motilidade e a concentração dos espermatozoides”, destaca o especialista. “Já o consumo excessivo de álcool, açúcares, carnes processadas e alimentos ricos em gorduras está associado a uma pior qualidade seminal e a uma menor taxa de fecundação.”


Mas não é só o que comemos que importa, o peso corporal também tem um impacto direto. “O excesso de peso pode dificultar a ovulação e diminuir a qualidade dos óvulos. Já o baixo peso pode levar a alterações hormonais que afetam o ciclo menstrual”, alerta o Dr. Paulo Vasco. Nos homens, a obesidade pode reduzir a testosterona e afetar a produção de espermatozoides saudáveis.


A boa notícia? Pequenos ajustes na alimentação podem fazer uma grande diferença. “Priorizar alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e vegetais, incluir fontes de ómega-3, como salmão e sardinha ou outros peixes com maior teor em gordura, e garantir um bom aporte de grãos integrais, nozes e sementes, como a linhaça ou a chia, são passos simples que favorecem a fertilidade”, sugere o especialista. Já os alimentos a evitar incluem carnes processadas, bebidas alcoólicas e açucaradas, gorduras insaturadas e açúcares.

 
Para casais que recorrem a tratamentos de reprodução medicamente assistida (PMA), a alimentação pode ter um papel fundamental no sucesso do processo. Segundo o Dr. Paulo Vasco, “estudos demonstram que uma alimentação equilibrada pode melhorar as taxas de sucesso dos tratamentos, aumentando as taxas de gravidez clínica e de nados-vivos.”

A suplementação com ácido fólico, vitamina B12 e vitamina D é altamente recomendada, pois contribui para um ambiente mais favorável à implantação do embrião e ao desenvolvimento saudável da gravidez.


Então, o que fazer nesta Páscoa? Evitar o chocolate e os doces tradicionais? Nada disso! “O segredo está no equilíbrio. Desfrutar das celebrações sem culpa é importante, mas manter um estilo de vida saudável ao longo do ano é essencial para quem quer engravidar. Ocasionalmente, um doce não compromete a fertilidade, mas um padrão alimentar desregulado pode fazer toda a diferença”, sublinha o Dr. Paulo Vasco.


Por isso, se constituir família está nos seus planos futuros, aproveite esta Páscoa com moderação, equilíbrio e, acima de tudo, sem o sentimento de culpa. Porque sim, é possível celebrar sem comprometer os sonhos de aumentar a família.