Doença afeta cerca de um milhão de portugueses
“O bom funcionamento da tiroide é essencial para a fertilidade”
- O hipotiroidismo não tratado está associado, nas mulheres, a uma maior taxa de aborto, descolamento da placenta, pré-eclâmpsia ou baixo peso das crianças à nascença.
- Nos homens, o hipotiroidismo pode prejudicar a qualidade do esperma, e afetar a sua morfologia e mobilidade, o que reduz as probabilidades de fecundação.
As doenças da tiroide são comuns e afetam cerca de um milhão de portugueses, sensivelmente uma em cada 10 pessoas. Apesar disso, estão subdiagnosticadas, o que pode comprometer a fertilidade em ambos os sexos. Em vésperas de mais um Dia Mundial da Tiroide, que se celebra a 25 de maio, a Dra. Gunes Karakus, especialista em Ginecologia, alerta para a importante função que esta glândula tem na saúde reprodutiva e para os cuidados a ter quando o casal enfrenta dificuldades em engravidar.
A tiroide desempenha um papel fundamental na regulação do metabolismo e na produção de hormonas essenciais para a reprodução. Quando a sua função é comprometida, a fertilidade pode ser afetada. Segundo a Dra. Gunes Karakus, as mulheres em idade reprodutiva podem sofrer de alterações na função tiroideia, que resultam em hipertiroidismo (produção excessiva de hormonas) ou hipotiroidismo (produção insuficiente). “Estas condições podem levar a ciclos menstruais irregulares ou mesmo à ausência de ovulação. O bom funcionamento da tiroide é essencial para a fertilidade. Se houver alterações, estas podem dificultar a gravidez“, explica a especialista.
Nos homens, o hipotiroidismo pode prejudicar a qualidade do esperma, e afetar a sua morfologia e mobilidade, o que reduz as probabilidades de fecundação.
Além de dificultar a conceção, as disfunções da tiroide podem comprometer a evolução da gravidez. “O hipotiroidismo não tratado aumenta o risco de aborto espontâneo, descolamento da placenta, pré-eclâmpsia e baixo peso à nascença“, alerta a médica.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é simples e pode ser feito através de um exame de sangue. O tratamento, geralmente à base de suplementação hormonal, permite restabelecer o equilíbrio da glândula e da fertilidade.
“Muitas vezes, a normalização da função tiroideia é suficiente para que a mulher consiga engravidar naturalmente“, explica a médica. Nos casos em que persistem dificuldades de conceção, técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, podem ser a solução. Para homens com fertilidade reduzida devido a disfunções da tiroide, a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é uma alternativa eficaz, segundo a especialista.
Para além do tratamento médico, adotar um estilo de vida saudável pode contribuir para o equilíbrio da tiroide e, consequentemente, para a fertilidade. Alguns nutrientes essenciais para a função tiroideia incluem o iodo (presente em peixes do mar, algas marinhas, leite e ovos), zinco (ostras, carne, sementes de abóbora e amêndoas), selénio (pão e ovos) e ómega-3 (peixes gordos como salmão, sardinha e atum, além do óleo de linhaça e abacate).
“O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem fazer toda a diferença, permitindo uma gravidez segura e saudável. Mas, uma vez alcançada a gravidez, é essencial um acompanhamento médico rigoroso para ajustar eventuais tratamentos da tiroide e garantir o desenvolvimento saudável do bebé”, conclui a Dra. Gunes Karakus.