Atual modelo afasta médicos do Serviço Nacional de Saúde
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) considera oportuna e essencial a abertura da discussão sobre a reintegração do Internato Médico na carreira médica. Num momento pautado pela discussão da valorização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos seus recursos humanos, um maior reconhecimento do papel fundamental dos médicos internos e do trabalho por eles prestado poderá ser uma importante medida de criação de condições atrativas para a fixação de médicos no SNS.
Atualmente, os anos dedicados ao internato – pelo menos cinco anos de trabalho intensivo – não são contabilizados para efeitos de progressão na carreira, o que é, frequentemente, um desincentivo à permanência no SNS. Com efeito, a progressão de carreira, muitas vezes colocada em cima da mesa como um dos determinantes da crescente saída de médicos do SNS, poderá constituir um ponto de relevante atratividade.
Apesar de o Internato Médico ser, na sua essência, uma fase de aprendizagem, os médicos internos assumem uma carga de trabalho muito significativa, contribuindo ativamente para os cuidados de saúde prestados diariamente e desempenhando tarefas cruciais para o funcionamento e eficiência do sistema. É inegável que o seu trabalho, ainda que sob supervisão, é muitas vezes mais autónomo do que o previsto e de vital importância, apesar de nem sempre as condições de trabalho acompanharem a relevância do seu papel.
“Esta discussão é um passo fundamental para o reconhecimento e a valorização de uma classe profissional que diariamente se dedica a garantir a saúde dos cidadãos, e espera-se que este assunto seja alvo de uma reflexão com a seriedade e urgência que exige”, defende Paulo Simões Peres, presidente da ANEM.
A ANEM acredita que reconhecer o Internato como parte integrante da carreira médica é um investimento direto no futuro da Medicina em Portugal e na sustentabilidade do próprio SNS. Sem médicos jovens e motivados, com perspetivas de carreira claras e justas, será muito difícil assegurar a qualidade e a acessibilidade dos cuidados de saúde.