1 em cada 3 pessoas refere sofrimento psicológico associado 

a dificuldades sexuais e cerca de 50% da população portuguesa apresenta baixos níveis de satisfação com a vida sexual.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lança esta segunda-feira o documento “Vamos Falar Sobre Sexo, Sexualidade e Saúde Sexual” e um “Policy Brief”, onde deixa recomendações estratégicas para a construção de políticas públicas nesta área. 

A Saúde Sexual é um direito humano. É parte integrante da Saúde e do Bem-Estar ao longo da vida, sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma dimensão que não se limita à ausência de doença, mas que implica o acesso a uma vivência sexual segura, livre, satisfatória e respeitadora da dignidade de todas as pessoas.  

Cerca de 50% da população portuguesa apresenta baixos níveis de satisfação com a vida sexual e 1 em cada 3 pessoas refere sofrimento psicológico associado a dificuldades sexuais.  

O documento foca questões como o “que é a sexualidade?”, “o que significa ter saúde sexual?”, “o que pode afetar a nossa saúde sexual?” e “porque é importante falar sobre saúde sexual?” Lembra ainda que a sexualidade não é estática, mas evolui ao longo das diferentes fases da nossa vida, refletindo mudanças físicas e psicológicas, experiências e relações com as outras pessoas. E ainda a influência daquilo que a nossa família, as pessoas à nossa volta e os Media transmitem sobre o que é “certo” e “errado” e o que é “normal” ou “aceitável” em relação ao corpo, ao desejo, ao prazer e às relações.  

É importante destacar que “todas as formas de prazer são válidas, desde que exista respeito, segurança e consentimento entre as pessoas envolvidas”. 

No policy brief, também lançado esta segunda-feira, a Ordem recorda os benefícios do investimento na saúde sexual e deixa cinco recomendações estratégicas para a construção de políticas públicas:  

  • Integrar a Saúde Sexual nas Estratégias e Planos de Saúde Pública. 

Incluir a Saúde Sexual como dimensão transversal nas políticas nacionais de Saúde, Saúde Psicológica, Saúde Reprodutiva, e Igualdade de Género. Definir e monitorizar indicadores específicos de Saúde Sexual para permitir a avaliação contínua, a identificação de desigualdades e a adaptação eficaz das políticas públicas.  

  • Promover a Literacia em Saúde Sexual.  

Implementar, em todos os ciclos de ensino, programas de Educação para a Sexualidade continuada, inclusiva, adaptada à idade e baseada em evidência científica e nos Direitos Humanos. Investir em campanhas públicas de Literacia em Saúde Sexual, com foco no prazer, consentimento, diversidade e prevenção da violência. 

  • Garantir o acesso a cuidados de Saúde Sexual.  

Integrar o rastreio e apoio a dificuldades sexuais nos Cuidados de Saúde Primários, com articulação entre especialidades (Psicologia, Ginecologia, Urologia, Sexologia, Fisioterapia). Assegurar a criação de ambientes seguros e afirmativos, especialmente para populações historicamente marginalizadas. 

  • Promover Locais de Trabalho Saudáveis. 

Implementar políticas institucionais que previnam e sancionem a discriminação, o assédio sexual e outras formas de violência sexual no local de trabalho. Garantir canais acessíveis e seguros para denúncia e apoio a vítimas. Criar condições para o exercício de direitos como a parentalidade, a amamentação, o planeamento familiar, a interrupção voluntária da gravidez ou o acompanhamento em consultas de Saúde Sexual e Reprodutiva. Incluir a Saúde Sexual nos planos de promoção da Saúde nas organizações, valorizando a sua ligação à Saúde Psicológica. 

  • Reforçar a Formação Profissional em Saúde Sexual.  

Incluir conteúdos obrigatórios sobre Saúde Sexual, Saúde Psicológica e Direitos Sexuais nos planos curriculares das áreas da Saúde, Psicologia, Serviço Social e Educação. Criar programas específicos de formação contínua para profissionais em contacto com populações vulneráveis (ex: jovens, pessoas LGBTIA+, pessoas com neurodiversidade, vítimas de violência). 

Pode consultar o documento aqui.  

E o policy brief aqui.