Estudo “O Papel da Farmácia Comunitária na Jornada do Doente”

71% dos médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF) inquiridos no estudo “O papel da Farmácia Comunitária na Jornada do Doente” consideram que a farmácia comunitária pode aliviar a pressão sobre os cuidados de saúde primários. Além disso, 96% dos médicos de MGF consideram ainda que a colaboração entre médicos e farmacêuticos é uma mais-valia para a gestão dos utentes, uma visão amplamente partilhada pelos farmacêuticos também inquiridos (99%).

Estas são duas das conclusões do estudo “O papel da Farmácia Comunitária na Jornada do Doente”, realizado pela IQVIA, por iniciativa da Tecnigen Portugal, empresa de genéricos 100% portuguesa do Grupo Tecnimede.

O estudo, que foi realizado junto de farmacêuticos e de médicos de Medicina Geral e Familiar, teve como objetivo avaliar a perceção destes grupos profissionais sobre o papel da farmácia comunitária em diversas etapas da jornada do doente, desde a prevenção e educação para a saúde até ao acompanhamento do doente.

Integração da farmácia nos cuidados de saúde primários

A melhoria da adesão à terapêutica foi identificada como a principal vantagem da integração da farmácia nos cuidados de saúde primários.

64% dos médicos elegem a melhoria da adesão à terapêutica como a principal vantagem desta integração e 82% dos farmacêuticos inquiridos consideram a monitorização da adesão à terapêutica como o tipo de serviço mais relevante a oferecer aos doentes na farmácia.

A comunicação digital direta entre médicos e farmacêuticos é vista como a melhor forma de fomentar essa integração, sendo apontada como a solução mais eficaz por 81% dos médicos e 91% dos farmacêuticos inquiridos.

A perceção do papel da farmácia comunitária na jornada do doente

Quando questionados sobre quais consideram ser atualmente os contributos mais significativos das farmácias no percurso dos doentes, os médicos e farmacêuticos inquiridos estão também alinhados.

“Prevenção e educação para a saúde”, “intervenção farmacêutica em situações ligeiras” e “referenciação de doentes para o médico ou outros serviços de saúde” foram os contributos a reunir as percentagens mais elevadas, com ambos os públicos a considerar o contributo da farmácia nestas etapas como extremamente significativos.

Contudo, as prioridades diferem quanto às áreas-chave de investimento onde as farmácias podem ter um papel mais ativo no percurso do doente.

Para 56% dos médicos de MGF inquiridos, o foco deve estar na prevenção e educação, onde se inclui a administração de vacinas, já que 58% dos médicos considera que os seus doentes são altamente beneficiados pela prática da farmácia comunitária na administração de vacinas. A integração das farmácias comunitárias na estratégia nacional de rastreio e diagnóstico precoce de hepatites virais e VIH é outra das prioridades apontadas por este grupo profissional.

Já os farmacêuticos comunitários destacam a intervenção em situações ligeiras como área prioritária, reunindo 24% das respostas, a que se segue o acompanhamento do doente- monitorização e seguimento (21%).

O alargamento do papel da farmácia comunitária

Sobre o papel futuro da farmácia comunitária, a maioria dos médicos de MGF (56%) concorda fortemente que as farmácias devem implementar o serviço de preparação individualizada de medicamentos de forma generalizada e além disso, 44% concorda também fortemente que as farmácias devem dispor de ferramentas de suporte à intervenção e capacitação profissional para a utilização dos medicamentos não sujeitos a receita médica, sendo esta uma das medida que os médicos consideram ter melhor relação entre a viabilidade e o impacto no SNS.

Já para os farmacêuticos, para além destas ferramentas de suporte à intervenção e capacitação profissional para a utilização dos medicamentos não sujeitos a receita médica, 97% dos inquiridos defende também que a farmácia deve atuar como um ponto de contacto primário para utentes com sintomas ligeiros, fazendo a identificação e tratamento na farmácia destes sintomas, com recurso a protocolos de indicação farmacêutica, sendo esta uma das medidas que consideram ter melhor relação entre a viabilidade e o impacto no SNS.

Adicionalmente, os farmacêuticos inquiridos (99%) concordam ainda com a afirmação de que, no futuro, as farmácias podem realizar a referenciação de utentes através de “vias verdes” que possibilitem o agendamento prioritário de consulta.

Reconhecimento e remuneração

Apesar do potencial identificado, 75% dos farmacêuticos apontam a falta de reconhecimento do papel clínico como o principal obstáculo à implementação de serviços de monitorização e gestão terapêutica e dos serviços clínicos na farmácia.

Quanto ao modelo de remuneração para estes serviços adicionais prestados na farmácia comunitária, como o acompanhamento terapêutico e a gestão de doenças crónicas, a maioria dos farmacêuticos inquiridos (80%) considera que o Estado deve ter modelos de renumeração sustentáveis para a prestação destes serviços.

Sobre o estudo

O estudo “O papel da Farmácia Comunitária na Jornada do Doente”, desenvolvido pela IQVIA, fornecedor líder mundial de serviços de investigação clínica, insights comerciais e inteligência de saúde para as indústrias das ciências da vida e da saúde, com o apoio da Tecnigen Portugal, conta com uma amostra total de 276 inquiridos (101 médicos de MGF e 175 farmacêuticos). A recolha de dados decorreu entre o período de 6 a 22 de novembro de 2024.

Este estudo foi apresentado na 6ª edição do Pharma Call: Meet, Learn & Act, evento promovido pela Tecnigen, que tem como objetivo apoiar as farmácias na preparação para os desafios atuais e futuros. A sessão contará com a presença do Presidente do Conselho Diretivo do Infarmed, Rui Santos Ivo, e do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, reforçando a relevância do potencial de integração das farmácias comunitárias no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e o impacto positivo dessa colaboração na gestão dos cuidados de saúde.