Solução venceu o BfK Awards, atribuído hoje pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da parceria entre o programa Born from Knowledge (BfK) e os Prémios Empreende XXI

Tecnologia inovadora está a ser desenvolvida pela empresa Glooma, com sede em Braga

A SenseGlove é uma luva com sensores, que incorpora algoritmos de Inteligência Artificial (IA), e funciona como uma substituição ao autoexame mamário. O objetivo é aumentar a deteção precoce do cancro de mama e consequentemente as taxas de sobrevivência. A startup Glooma, venceu ontem o BfK Awards, como resultado da parceria do programa Born from Knowledge (BfK), iniciativa da Agência Nacional de Inovação, com os Prémios Empreende XXI, atribuídos BPI e pela DayOne – divisão especializada do CaixaBank para empresas de tecnologia, inovação e respetivos investidores.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, houve 2,3 milhões de mulheres diagnosticadas com cancro da mama e 685 mil mortes. A deteção precoce do deste tipo de cancro, o mais comum entre as mulheres, pode reduzir significativamente as taxas de mortalidade derivada desta doença a longo prazo.

Os métodos de triagem atuais não estão a funcionar: As variadas alterações na textura do tecido mamário, causadas por diversos fatores, causam incertezas na mulher, levando-as a não agir no momento certo. Não admira, que 35% dos cancros da mama não sejam detetados numa fase precoce, o que resulta em numerosos tratamentos agressivos, cirurgias mutilantes, ou mesmo morte, além do peso económico para pacientes, seguradoras de saúde e hospitais.

Foi com base nesta informação que a Glooma criou o SenseGlove, um dispositivo médico de pré-rastreio, doméstico e portátil, que, além de detetar alterações no tecido mamário, capacita as mulheres a compreenderem as suas mamas, permitindo-lhes agir mais rapidamente.

A SenseGlove, em conjunto com a app para o autoexame, complementa, mas não substitui consultas de rotina e exames de rastreio e diagnóstico.

Como funciona? Através da função de “Lembrete”, a tecnologia relembra às utilizadoras por e-mail ou notificações no telemóvel a realização do exame doméstico. Fornece ainda todas as informações relativas aos autoexames realizados ao longo do tempo, comparando os resultados e avaliando as alterações ao longo do tempo, para ser mais fácil a apresentação dos resultados ao médico.

Prova de conceito e validação clínica em 40 pacientes (homens e mulheres) com 88% de sucesso

Os sensores detetaram com precisão alterações em 88% das utilizações, com apenas 12% de taxa de falsos positivos, e alcançaram um registo sem falsos negativos, sem o algoritmo de IA e variáveis que afetam a textura do tecido mamário. Atualmente a Glooma já recolheu 236 pacientes e está a trabalhar com quatro hospitais portugueses.

Aliás, a empresa está já a distribuir os seus primeiros pilotos pagos, prevendo registar o produto na FDA no próximo ano, uma vez que o SenseGlove é um dispositivo médico de classe I nos Estados Unidos. Entretanto, e até ao fim deste ano, o plano é aumentar o número de pilotos pagos e terminar o desenvolvimento do produto.

O prémio atribuído pela ANI ao projeto SenseGlove através do programa BfK Awards consiste na “Árvore do Conhecimento” e no prémio pecuniário no valor de 2.500 euros. O troféu, a “Árvore do Conhecimento”, relaciona a arte com a tecnologia, expressando os valores da excelência científica e da relevância social e económica.

Desde 2017, a ANI já premiou cerca de 50 projetos e start-ups, nascidos da investigação académica, em concursos e prémios de inovação nacionais promovidos por entidades como Altice, Crédito Agrícola, BPI, Glintt, PortugalFoods e Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) através do programa BfK. Muitos deles são já símbolos da inovação nacional em Portugal e internacionalmente.

Sílvia Garcia, administradora da ANI, salienta “a grande importância do projeto para a sociedade. Cada vez mais em Portugal há uma transferência de conhecimento para a economia efetiva, cada vez mais a ciência é pensada para resolver os problemas sociais e económicos com que nos confrontamos e isso não podia ser mais positivo. É por esta inovação colaborativa que a ANI luta todos os dias.”