Inovar no âmbito das doenças associadas ao envelhecimento, utilizando a Bioengenharia aplicada à engenharia de órgãos e tecidos e à medicina personalizada. Estes são os grandes objetivos do novo Instituto de Biofabricação em Rede para o Envelhecimento Saudável (IBEROS+) que integra 14 entidades público-privadas da região da Galiza e Norte de Portugal – cinco universidades, cinco centros de investigação e quatro empresas. Com um financiamento de 2,2 milhões de euros, em Portugal são três as Universidades envolvidas: Católica, Minho e Porto.
Coordenado pela Universidade de Vigo, o consórcio pretende trabalhar doenças associadas ao envelhecimento, fazendo uso da área da Bioengenharia orientada para a engenharia de órgãos e tecidos e para a medicina personalizada. Para isso, o plano de ação passa por encontrar soluções para a escassez de doações de órgãos e tecidos, pelo desenvolvimento de fármacos de baixo custo e em tempos reduzidos, pelo compromisso ético de reduzir os ensaios em animais e pelo aprofundamento do modelo de medicina personalizada, onde possa ser possível utilizar tecidos organoides biofabricados a partir das células do próprio paciente.
Em junho realizaram-se, no Edifício de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto, as segundas jornadas onde foram apresentados alguns resultados, nomeadamente: Bioimpressão 3D (Patricia Díaz, USC); Biomateriais avançados e tecnologia de CO2 supercrítico (Ana Oliveira, UCP); Dispositivos organ-on-a-chip (Laura Vázquez, BFlow); e Organoides (Immacolata Maietta, UVigo).
Soluções Tecnológicas para a Saúde do Futuro
A estratégia do IBEROS+ centra-se na I&D em biofabricação para responder aos desafios sócio sanitários associados ao envelhecimento da população na Euroregião Galiza-Norte de Portugal e na União Europeia em geral. Com o objetivo de promover a investigação aplicada na Euroregião nestas áreas ao mais alto nível internacional, os responsáveis pelo IBEROS+ propõem, entre outras ações, a contratação de 13
investigadores e tecnólogos, a publicação de mais de 20 artigos científicos em colaboração, a aplicação de três patentes, o estabelecimento de 40 contactos com empresas do setor e o desenvolvimento de três contratos de I+D com empresas.
Como primeira ação de transferência, será publicado um Livro Branco sobre biofabricação e engenharia de tecidos que permitirá analisar a situação atual deste sector e estabelecer previsões sobre a sua evolução. O objetivo desta publicação é fornecer dados para orientar futuras decisões legislativas, administrativas ou económicas.
O Grupo de Investigação em Biomateriais e Tecnologia Biomédica do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica Portuguesa no Porto, liderado pela investigadora Ana Leite Oliveira, tem um papel relevante em diversas frentes de atuação, especialmente no desenvolvimento de materiais avançados com propriedades bioativas e terapêuticas, a partir da valorização de subprodutos e resíduos biológicos que têm um elevado potencial como plataformas para a engenharia de tecidos e terapias celulares. Um dos principais objetivos atuais do grupo é a utilização segura de tecido biológico de origem humana e animal. “Para isso, estamos a desenvolver novos protocolos que visam reduzir a resposta imune à matriz extracelular e, simultaneamente, preservar a sua integridade e bioatividade, bem como esterilizar esses biomateriais sensíveis,” salienta Ana Leite Oliveira, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF).
Colaboração entre Centros de Conhecimento e Empresas
Uma das novidades deste projeto é a incorporação de empresas. Da Galiza, juntaram-se ao consórcio a BFlow, que desenvolve dispositivos de microfluídica capazes de imitar o comportamento de um órgão em laboratório, a Arbinova que, sob a marca Beta Implants, desenha e fabrica implantes para cirurgia veterinária, e a iBoneLab, especializada em testes pré-clínicos de biomateriais em tecidos vivos.
A empresa portuguesa que integra o consórcio é a ILof-Intelligent Lab on Fiber, uma spin-off nascida no INESC TEC e incubada na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que oferece uma plataforma inteligente para o desenvolvimento de medicamentos personalizados.
As universidades envolvidas são as espanholas de Santiago de Compostela e a de Vigo, e as portuguesas Católica, Porto e a do Minho. O consórcio inclui ainda a Fundación Biomédica Galicia Sur, o Instituto de Investigaciones Marinas del CSIC, o Servizo Galego de Saúde, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia e o Instituto Superior de Engenharia do Porto.
O IBEROS+ é financiado com 2,2 milhões de euros pelo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Interreg Espanha-Portugal e co-financiado pelo FEDER. Até 2026, este consórcio ibérico, constituído por mais de 150 investigadores, tem como principal objetivo melhorar a saúde e a qualidade de vida da população destas regiões e da União Europeia, com especial incidência nas doenças associadas ao envelhecimento.
Mais informações disponíveis em: https://iberosmais.webs.uvigo.es/