15 a 19 de outubro | Centro de Congressos de Lisboa (Praça das Indústrias n.º 1)

Mais de 1500 especialistas reúnem-se em Lisboa para a Reunião da Sociedade Internacional de Diabetes Pediátrica e do Adolescente

50º reunião anual acontece entre os dias 16 e 19 de outubro de 2024, para discutir “Inclusão e Inovação na Diabetes Pediátrica”

A reunião anual da Sociedade Internacional de Diabetes Pediátrica e do Adolescente (ISPAD) acontece, este ano, em Portugal, entre os dias 16 e 19 de outubro. O evento irá reunir mais de 1500 especialistas em Diabetes Pediátrica de todo o mundo, no Centro de Congressos de Lisboa, que irão discutir os mais recentes desenvolvimentos no diagnóstico e tratamento da doença nesta faixa etária.

Em 2024, o tema base será a “Inclusão e Inovação na Diabetes Pediátrica”, isto porque, explica Catarina Limbert, Presidente do Congresso da 50.ª Reunião da ISPAD e Professora de Pediatria da NOVA Medical School, “queremos promover a discussão sobre como podemos assegurar um acesso mais célere e equitativo dos doentes às inovações que estão a surgir nesta área, e que estão a mudar a abordagem do tratamento das diferentes formas de diabetes em crianças, adolescentes e jovens adultos. Estamos a falar de novas ferramentas de diagnóstico, tecnologias e medicamentos”.

Declaração de Lisboa atualiza a missão do ISPAD

A diabetes infantil é um desafio crescente a nível mundial, com uma incidência cada vez maior. Durante muitos anos, a diabetes tipo 1 era a forma de diabetes mais prevalente em idade infanto-juvenil. Porém, recentemente, a epidemia global de obesidade infantil levou a um aumento da prevalência da diabetes tipo 2 nas crianças. As estimativas apontam para um aumento de 40% dos casos incidentes na infância nos últimos 30 anos, registando aumentos tanto na DM1 como na DM2. “Nesta ocasião especial, a ISPAD dá um passo significativo e renova o seu compromisso com os princípios fundamentais através da Declaração de Lisboa. Esta renovação evidencia a dedicação da ISPAD, 30 anos após a Declaração de Kos, em evoluir e adaptar as suas diretrizes e princípios para melhor servir a comunidade global da diabetes, com especial enfoque na população pediátrica, adolescente e jovem”[1]. A nova Declaração será apresentada durante o congresso, com publicação simultânea na revista de grande impacto “Lancet Diabetes & Endocrinology”.

A tecnologia da diabetes altera a terapia do DM1

Com a descoberta da insulina, há 100 anos, as crianças puderam sobreviver a uma doença não transmissível, mas até então mortal. “Após muitos anos de substituição convencional de insulina, uma mudança conceptual inovadora tornou-se disponível com a “administração automatizada de insulina”, afirma o Presidente da ISPAD, David Maahs. Estas combinações de um sensor de glicose subcutâneo com uma bomba de insulina guiada por vários níveis de regulação automática da insulina utilizando algoritmos de inteligência artificial para o cálculo das necessidades de insulina estão atualmente em desenvolvimento. Em estudos do mundo real, a última geração destes dispositivos AID permite que a maioria das crianças em idade pré-escolar, escolar e adolescente atinja os ambiciosos objetivos metabólicos de HbA1c <7%, um tempo no intervalo > 70% com menos de 4% dos valores no intervalo hipoglicémico. No entanto, continuam a existir disparidades no acesso a estas tecnologias dentro de cada país e entre países [2]. Atualmente, em Portugal, apenas cerca de 10% das crianças estão a utilizar esta tecnologia.

Deteção precoce da diabetes tipo 1 com risco genético e auto-anticorpos

A segunda mudança de paradigma recente na diabetes tipo 1 pediátrica é a compreensão de que o diagnóstico clínico desta doença autoimune é precedido, em cerca de 95% das crianças que desenvolvem os sinais clássicos de sede, aumento da frequência urinária e perda de peso, pela deteção no sangue de auto-anticorpos associados à diabetes. “Estamos a passar da substituição da insulina para o tratamento da doença autoimune subjacente”, explica Catarina Limbert [3]. Cerca de 80% destas crianças desenvolvem anticorpos antes dos cinco anos de idade. Quando são detetados múltiplos anticorpos, o risco de desenvolver diabetes tipo 1 ao longo da vida é de 100%. Esta oportunidade de um diagnóstico precoce de uma doença autoimune não transmissível exige um acompanhamento adequado, a formação dos profissionais de saúde e permite estudar diferentes abordagens de prevenção [4]. Assim, um novo foco de investigação da diabetes na infância é a deteção precoce, com estratégias de rastreio iniciadas em muitos países, como Portugal. Recentemente, o primeiro tratamento da DM1 pré-sintomática (Fase 2) foi aprovado pela entidade reguladora americana FDA a partir dos 8 anos de idade. “O percurso do ISPAD é uma história de colaboração, inovação e dedicação inabalável, para melhorar a vida dos jovens com diabetes. Aguardamos o futuro com otimismo, sabendo que, juntos, podemos fazer a diferença”, conclui o Presidente do ISPAD.

Referências

[1] Weber B et al. ISPAD Declaration of Kos. J Paediatr Child Health. 1995 Apr;31(2):156

[2] Lingen K, Maahs D, et al. Removing Barriers, Bridging the Gap, and the Changing Role of the Health Care Professional with Automated Insulin Delivery Systems. Diabetes Technol Ther. 2024 Mar;26(S3):45-52. doi: 10.1089/dia.2023.0440.

[3] Limbert C, et al. Automated Insulin Delivery: A Milestone on the Road to Insulin Independence in Type 1 Diabetes. Diabetes Care. 2024 Jun 1;47(6):918-920. doi: 10.2337/dci24-0007

[4] Philip et al. Consensus guidance for monitoring individuals with islet autoantibody-positive pre-stage 3 type 1 diabetes. Diabetes Care. 2024 Aug 1;47(8):1276-1298. doi: 10.2337/dci24-0042.

Sobre a Sociedade Internacional de Diabetes Pediátrica e do Adolescente (ISPAD):

A ISPAD é a única sociedade internacional que se concentra em todos os tipos de diabetes em crianças de todo o mundo, refletindo a natureza diversa e multifacetada desta doença crónica. O percurso começou em 1974, quando a sociedade foi fundada como International Study Group for Diabetes (ISGD) na infância e adolescência. Desde o início, o ISGD teve como objetivo reunir investigadores, clínicos e profissionais de saúde para partilhar conhecimentos, fomentar a colaboração e promover a compreensão e a gestão da diabetes nos jovens. A 50ª Conferência Anual em Lisboa, Portugal, é uma celebração da sua história e uma mostra dos progressos notáveis alcançados.

Sobre a NOVA Medical School

Com mais de 45 anos de existência, a NOVA Medical School é a escola médica da Universidade NOVA de Lisboa assente em três pilares: educação, investigação e comunidade.

Instituição de referência no ensino superior, conta atualmente com 1.770 alunos no Mestrado Integrado em Medicina, 102 alunos na Licenciatura em Ciências da Nutrição, 497 alunos em formação pós-graduada e um total de 858 docentes e investigadores.