No final de oito anos de mandato, Francisco Miranda Rodrigues envia uma carta de balanço ao primeiro-ministro e alerta para os desafios e as oportunidades que se avizinham para o país. Recorda ainda o papel que os psicólogos podem ter no combate ao populismo, à pobreza e à crise climática
O Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Francisco Miranda Rodrigues, enviou uma carta ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, onde faz um balanço da evolução da psicologia nos últimos anos e alerta para os desafios e oportunidades que se avizinham. Uma missiva onde pede ainda uma maior dignificação e valorização dos psicólogos nos serviços públicos.
“Peço-lhe que continue o investimento nos serviços públicos e nos serviços disponibilizados gratuitamente aos cidadãos, particularmente quanto à presença de psicólogos, mas que simultaneamente a sua presença seja mais dignificada e valorizada, de modo que a sua atividade profissional neste sector seja sustentável”, alerta o Bastonário da Ordem dos Psicólogos.
Numa referência ao que se passa no setor social, “muito dependente do financiamento público”, Francisco Miranda Rodrigues avisa que “urge tomar medidas que permitam a sustentabilidade das respostas sociais, cada vez mais necessárias em termos de elevada especialização”.
Na reta final de mandato, o Bastonário diz ter testemunhado nos últimos anos “o crescente reconhecimento da psicologia como ciência e profissão essencial para o desenvolvimento integral da nossa sociedade”. “Através do trabalho dedicado de milhares de psicólogos, contribuímos para a prossecução dos objectivos de desenvolvimento sustentável, da promoção da saúde, e da saúde psicológica em específico, ao bem-estar no trabalho e nas organizações e à sua maior produtividade, passando pela qualidade da educação para maior coesão social”, acrescenta.
Na carta enviada ao Primeiro-Ministro, Francisco Miranda Rodrigues partilha ainda o papel que os psicólogos podem ter nos novos desafios que são colocados para o país, como o populismo, a cibersegurança, a crise climática ou a integração de migrantes.
“A psicologia, com o seu profundo entendimento dos comportamentos humanos e dos processos mentais, tem um papel crucial na prevenção dos efeitos destes fenómenos (desinformação e populismo). Podemos contribuir para o desenvolvimento de estratégias que promovam o pensamento crítico, a literacia mediática e a resiliência psicológica dos cidadãos face à manipulação”, escreve o Bastonário.
Quanto à cibersegurança, recorda que “as vulnerabilidades não estão apenas nos sistemas, mas também nas pessoas que os utilizam e os riscos mais desafiantes são os comportamentais. Aqui, a psicologia pode auxiliar na compreensão e mitigação dos comportamentos de risco, promovendo práticas seguras e conscientes no ambiente digital”.
Já a pobreza e a exclusão social continuam a ser desafios prementes. “Ao trabalhar diretamente com populações vulneráveis, os psicólogos podem facilitar a criação de redes de apoio e estratégias de resiliência que capacitam os indivíduos a superar adversidades. Podem, também, através da ciência psicológica contribuir para o desenho de políticas públicas eficazes, que previnem a manutenção de ciclos de pobreza, e mitigar os seus impactos nas pessoas, comunidades e sociedade”, acrescenta.
O Bastonário diz ainda ser “imperativo que, enquanto nação, reconheçamos a importância de investir no capital psicológico dos cidadãos portugueses. A promoção da saúde mental não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas um alicerce para uma sociedade mais justa, produtiva e resiliente. Programas de prevenção, intervenções comunitárias e políticas públicas integradas podem fazer a diferença na vida de milhões de portugueses”.
Pode ler a carta completa aqui.