A propósito das recentes declarações da Sr.ª Ministra da Saúde, Prof.ª Doutora Ana Paula Martins, em audiência à comissão parlamentar de saúde no passado dia 12 de junho, queremos realçar os seguintes pontos:
- Importa fazer uma destrinça clara entre dois tipos de dirigentes, ambos geralmente designados como “administradores hospitalares”, mas que têm âmbitos e funções significativamente diferentes. Uma coisa são os administradores hospitalares de carreira, contratados para serem dirigentes dos departamentos, serviços ou unidades das ULS e coisa diferente são os elementos dos conselhos de administração (CA) nomeados pelo governo para serem a gestão de topo das Unidades Locais de Saúde (ULS). Alguns administradores hospitalares de carreira são nomeados para integrarem conselhos de administração, mas outros (a grande maioria), não.
- Entendemos que as lideranças a que Sr. Ministra se referia são os Conselhos de Administração das ULS nomeados pelos Governos. Como sabemos, nas ULS, esses CA são constituídos por 6 ou 7 elementos, sendo que 2 ou 3 desses elementos são médicos e pelo menos 1 ou 2 são enfermeiros. O estatuto das ULS consagra a presença obrigatória desses grupos profissionais nos CA. Um dos restantes elementos é nomeado pelos municípios da região e outro é nomeado pelo Ministério das Finanças. Os restantes elementos podem ou não ser Administradores Hospitalares de carreira. Atualmente, os Administradores Hospitalares de carreira, constituem cerca de 18% dos membros desses Conselhos de Administração.
- A APAH defende que os CA sejam constituídos por profissionais com formação e experiência no sector. As ULS são empresas públicas com orçamentos na ordem das centenas de milhões de euros e com importância fundamental para o bom funcionamento da nossa sociedade. Isso obriga-nos a ter exigência máxima na nomeação dos seus dirigentes o que, infelizmente, nem sempre aconteceu no passado.
- Em qualquer caso, não devemos embarcar em generalizações. Os Conselhos de Administração são, na sua grande maioria, constituídos por elementos capazes e empenhados, que merecem o nosso reconhecimento. Para além disso, qualquer processo de avaliação deverá associar a responsabilidade ao grau de autonomia e à capacidade de decisão. Se porventura a avaliação incidir sobre quem efetivamente pode influenciar os resultados das ULS (nomeadamente porque decide sobre contratações ou investimentos), então mais valeria que se avaliasse o desempenho do Ministério das Finanças enquanto principal responsável pela gestão dessas unidades do SNS.
- Por último, saudamos a intenção da Sra. Ministra de rever a carreira de administração hospitalar, designadamente tendo em conta que uma carreira revista e valorizada, será certamente uma importante mais valia, tanto para a gestão operacional das ULS, como a criação de uma sólida base de recrutamento para os seus CA.
Sobre a APAH
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) é há 40 anos a organização com maior representatividade dos profissionais com funções de administração e gestão na área da saúde em Portugal. Dedicando-se a apoiar os administradores hospitalares no desenvolvimento de elevados padrões de exercício profissional, nos múltiplos contextos organizacionais onde desempenham funções, tendo em vista contribuir para a melhoria do seu desempenho, garantindo a qualidade e excelência dos resultados em saúde em Portugal.